APÓSTOLO PAULO [PARTE 1] SUA CONVERSÃO À PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA


Categoria: Acervo
Imagem: Paulo (ou Saulo) recebendo a visão de Deus - Imagem Estilo Adoração
Publicado: 10 de Janeiro de 2009, Sábado, 01h15

A Conversão de Paulo
O capítulo 9 do Livro de Atos narra a conversão daquele que viria a ser conhecido como o apóstolo das gentes. Pouco se sabe a respeito desse intrépido homem, desde o seu nascimento até seu aparecimento em Jerusalém, como temível perseguidor dos cristãos. Embora fosse da tribo de Benjamim, era um zeloso membro da seita dos fariseus (Rm 11.1; Fp 3.5; At 23.6). Era cidadão romano por ter nascido na cidade grega de Tarso, na Ásia Menor, na época, pertencente ao Império Romano.

Saulo teria sido levado para Jerusalém quando ainda criança, onde foi educado aos pés de Gamaliel – doutor da lei e membro do Sinédrio. Paulo sempre o reconheceu como seu professor. Tal qual o próprio Estevão, Saulo teria percebido a impossibilidade de conciliação entre a velha e a nova dispensação. Para Saulo, a lei de Moisés tinha validade eterna e o templo de Jerusalém era o inatingível santuário do Senhor dos Exércitos. Em seu coração abrigava, pois, grande rancor contra os cristãos, que tinham como mensagem principal Jesus Cristo ressuscitado e feito Messias e Senhor. Assim não só se empenhou no extermínio do Cristianismo em Jerusalém, como também foi ao encalço daqueles que haviam fugido para Damasco, a fim de trazê-los de volta a Jerusalém onde seriam julgados e condenados à morte.

Quando Deus Intervém
De posse de documentos fornecidos pelas autoridades religiosas de Jerusalém, Saulo marcha, altivo para Damasco à procura dos seguidores do “Caminho”. Aproximando-se da cidade, um jato de luz sobrenatural e poderosa cegou-lhe e fê-lo cair por terra, sob o som duma voz que dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?“. Humilhado e lançado ao pó, esse grande fariseu indaga: “Quem és tu, Senhor? … Que queres, Senhor, que eu faça?“. Respondendo, disse o Senhor Jesus Cristo: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas, levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (vv. 4-6). Tal disposição de Saulo, de ouvir e obedecer à voz de Jesus, fez dele o principal arauto do Evangelho no mundo de então.

Saulo em Damasco
Saulo, cego, foi conduzido pelos homens que o acompanhavam, à casa de Judas, na rua chamada Direita, onde permaneceu em oração. A este tempo, o Senhor já houvera falado ao seu servo Ananias, em visão, para que fosse ao encontro de Saulo, e, este, em visão, vira Ananias, “que punha sobre ele a mão para que pudesse ver”.

Ananias, ao ouvir a ordem do Senhor, ficou temeroso, pois bem conhecia os terríveis males feitos por Saulo aos cristãos. Porém o plano de Deus em relação a ele era extremamente precioso. Ananias não teve mais dúvida, ao ouvi-lo dizer sobre Saulo: “… este é para mim um vaso escolhido…“. E assim, Ananias foi ao encontro daquele que, até bem pouco tempo, fora um terrível perseguidor dos cristãos. Assim, convicto da missão que lhe fora imposta, colocou suas mãos sobre aquele homem, chamando-o “irmão Saulo”, e, transmitindo a vontade do Senhor para a sua vida, “… que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo”. E Saulo voltou a enxergar.

Podemos calcular a grande confusão que apoderou-se da mente dos judeus! Todos ficaram atônitos diante da transformação experimentada por Saulo. Agora, ele, Saulo, passou a pregar o Cristo daqueles aos quais antes perseguia.

De Perseguidor a Perseguido
De perseguidor que era, Saulo passou a ser perseguido, pois passou a defender a mesma causa que antes procurou destruir. Tão grande foi a fúria dos judeus não-cristãos contra a pessoa de Saulo, que ele teve que fugir de Damasco.

Somente três anos depois da sua conversão é que Saulo voltou a Jerusalém, onde passou quinze dias com Pedro, avistando-se também com Tiago, o irmão do Senhor (Gl 1.8,19). Seu contato com esses e com outros cristãos teve de ser facilitado por Barnabé, pois os próprios discípulos tiveram dificuldade em crer na autenticidade da sua conversão. Assim, Barnabé “tomando-o consigo, trouxe-o aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara” (v. 27). Porém, quando pôs-se a pregar nas sinagogas de Jerusalém como fizera em Damasco três anos antes, teve que ser retirado da cidade, por medida de segurança.

Escreve Lucas: “Assim, pois, a Igreja teve paz.” (v. 31). Isto quer dizer que a primeira grande onda de perseguição à Igreja chegava ao fim com a conversão de Saulo, o perseguidor-chefe.

A Primeira Viagem Missionária de Paulo
Estamos agora dizendo do Missionário PAULO (Atos 13 e 14) – homem que, diríamos, viveu intensamente o antes e o depois. Isto é, antes de Cristo e, depois de Cristo. Dois períodos – dois nomes. No seu tempo “antes de Cristo”, foi de Tarso a Damasco. Era o valente SAULO. No seu tempo “depois de Cristo”, ou, melhor dizendo, “depois com Cristo”, foi de Damasco a Óstia (porto em Roma). Era o intrépido PAULO. Lucas faz um registro de maneira sutil no Livro de Atos, a respeito dos dois nomes do maior apóstolo de todos os tempos (13.9).

Voltando Barnabé e Saulo de Jerusalém para Antioquia, levaram consigo João Marcos, o Sobrinho de Barnabé e, por algum tempo, continuaram ministrando a Palavra de Deus à igreja naquela cidade. Além de Barnabé e Paulo, a Igreja de Antioquia tinha mestres ilustres como Lúcio de Cirene, Simeão por sobrenome Níger (Negro), que alguns comentadores têm pensado ser Simão Cirineu, que na subida do Calvário ajudou Jesus a levar sua cruz (Lc 23.26), e Manaém, colaço de Herodes Antipas.

Os Primeiros Apóstolos da Igreja
Todavia o Espírito Santo tinha outra obra a realizar, pelo que disse à Igreja em Antioquia (possivelmente através de um daqueles profetas) que separasse Barnabé e Saulo para o trabalho ao qual os tinha chamado. É bom lembrar aqui que Saulo já havia sido escolhido como apóstolo aos gentios, desde a sua conversão. É certo que ele se ocupou na tarefa de doutrinas os gentios convertidos em Antioquia, mas, dentro dos planos de Deus, ele deveria seguir para além das fronteiras da Síria.

A igreja de Antioquia, sensível à liderança do Espírito Santo, enviou com alegria aqueles dois homens, manifestando-lhes seu companheirismo e fraternidade com a imposição das mãos. João Marcos partiu com eles como cooperador, e bem os serviu, pelo fato de possuir melhor conhecimento do Evangelho.

O Começo da Viagem
Navegando de Selêucia, porto de Antioquia, desembarcaram em Salamina, na ilha de Chipre, terra natal de Barnabé, e ali começaram a pregar nas sinagogas dos judeus. Chegando a Pafos, a capital ocidental da ilha, encontraram um certo elemento chamado Barjesus (Elimas), falso profeta que pertencia à roda íntima de Sérgio Paulo, procônsul da província. Barjesus era o guia espiritual de Sérgio Paulo, e, temendo a sua posição junto ao procônsul, procurou levá-lo a desacreditar na mensagem que Saulo pregava. Em razão disso, disse o apóstolo Paulo àquele falso profeta: “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor; e ficará cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor” (13.10-12).

De Chipre à Ásia Menor
De Chipre, a comitiva missionária atravessou de navio para a Ásia Menor, local que marcaria o início da nova fase de expansão da Igreja primitiva. Tendo chegado a Perge da Panfília, João Marcos decidiu abandonar a Barnabé e a Saulo, voltando para Jerusalém. Assim, sem a companhia de João Marcos, ambos dirigiram-se para o interior, chegando a Antioquia da Pisídia (cuidado para não confundir com Antioquia da Síria), colônia romana da província da Galácia, e aí ficaram por algum tempo. Nessa colônia Paulo e Barnabé pregaram por vários sábados seguidos, tendo como resultado a decisão por Cristo de grande número de gentios. Dali, só saíram após sofrer a oposição dos judeus incrédulos.

Saindo de Antioquia da Pisídia foram a Icônio onde tiveram uma temporada abençoada com a salvação de muitos judeus e gentios; mas foram obrigados deixar a cidade sob intensa perseguição.

Chegaram a Listra e Derbe, cidades de Licaônia, uma região da província da Galácia. Depois de realizarem ali a obra do Senhor e fundarem outras igrejas, voltaram por Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, encorajando os discípulos, dizendo-lhes: “por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.” (14.22), e consolidando as novas igrejas com a designação de presbíteros (pastores) em cada uma delas. Seguindo depois pelo litoral, iam pregando o Evangelho por onde passavam, até alcançarem a cidade portuária de Atália, onde embarcaram com destino a Antioquia da Síria “de onde tinham sido encomendados à graça de Deus para a obra que já haviam cumprido.” (14.26).

Admite-se que entre a partida e a volta, esta primeira viagem missionária de Paulo deve ter durado mais ou menos cinco anos (mais ou menos 45-50 d.C.).

O Concílio de Jerusalém (cap. 15.1-35)
A primeira dificuldade que surgiu na Igreja foi causada pelo seu crescimento rápido. Milhares de gentios foram trazidos para o seio da Igreja através do ministério de Paulo, e já que a liderança da Igreja era dominantemente de judeus, a questão do relacionamento entre os gentios e a lei judaica logo teria de surgir.

Problemas Causados pelos Judaizantes
As igrejas fundadas por Paulo e Barnabé durante sua primeira viagem missionária, estudada no Texto anterior, são as da Galácia, às quais Paulo dirigiu a carta que hoje conhecemos. Não muito depois de ter deixado aquelas igrejas, surgiu uma crise de ordem doutrinária no meio delas. Essa crise foi procurada pelos judaizantes que ensinavam aos gentios convertidos: “Se não vos circuncidares segundo o costume de Moisés, não podereis ser salvos” (Atos 15.1). Nem todos os cristãos judeus concordavam com Paulo de que o Novo Concerto se estabelecera pela fé, mas sim pela circuncisão. Ensinavam então que para serem salvos, os gentios precisavam ser circuncidados, de acordo com os ensinos de Moisés.

A Reação de Paulo
Tendo tomado conhecimento desse fato, Paulo, que se achava em Antioquia, escreveu-lhes uma carta urgente, na qual logo no início mostra o seu desagrado diante do que estava ocorrendo: “Admira-me que estais passando tão depressa… para outro evangelho” (Gl 1.6).

Entrementes, em Antioquia era intenso e frutífero o trabalho da missão gentílica. Igrejas estavam se estabelecendo, e, por conseguinte, o partido judaico, preocupado com a fidelidade dos ensinos mosaicos, organizou acurada campanha nas igrejas da província da Galácia, bem como na igreja de Antioquia – principal força do Cristianismo gentílico.

A Transigência de Pedro
De acordo com Gálatas 2.11, os judaizantes faziam prevalecer seu ponto de vista com tanto vigor que até Pedro, que estava em Antioquia nesse tempo, foi induzido a uma discussão com Paulo que se fez contrário a tudo aquilo. Embora Pedro buscasse justificar tal atividade sobre o fundamento de ser conveniente, esta foi de efeito lamentável. Até Barnabé estava decidido a seguir-lhe o exemplo. Paulo encarou o problema com energia, acusando francamente a Pedro de dissimulação. Sua repreensão produziu salutar efeito. Na assembléia de Jerusalém, que se seguiu, Pedro apoiou intransigentemente a argumentação de Paulo.

Mas o problema levantado pelos judaizantes continuava de pé e tinha que ser resolvido para evitar o risco da Igreja ser dividida, logo no início, em dois corpos, um judaico e outro gentílico. Para ajudar na solução de tão delicado problema, a igreja de Antioquia enviou representantes seus aos apóstolos e anciãos em Jerusalém. O assunto foi discutido amplamente. Apesar dos argumentos do partido judaizante da igreja, o peso da influência de Pedro, apoiado por Barnabé e Paulo, que narraram as bênçãos de Deus sobre a missão gentílica, prevaleceu.

Resultado da Assembléia de Jerusalém
O fato de ter a notícia da conversão dos gentios, produzido “grande alegria a todos os irmãos”, favoreceu de modo especial a posição de Paulo e Barnabé naquela assembléia. Por fim, o resumo judicioso de Tiago levou a mente da assembléia a resolver o problema satisfatoriamente e a escrever às igrejas afetadas pela doutrina judaizante uma carta explicando a decisão tomada naquela assembléia. A carta tinha o seguinte teor:

Aos irmãos, tanto os apóstolos como os presbíteros, aos irmãos de entre os gentios em Antioquia, Síria e Cilícia.

Saudações!
Visto sabermos que alguns (que saíram) de entre nós, sem nenhuma autorização, vos têm perturbado com palavras, transtornando as vossas almas, pareceu-nos bem, chegados a pleno acordo, eleger homens e enviá-los a vós outros com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que têm exposto a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais pessoalmente vos dirão também estas coisas. Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.
” (At. 15.23-29).

 

Fonte: O Livro de Atos, EETAD.


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