UMA RELEITURA DO METODISMO À PARTIR DO CONTEXTO LATINO-AMERICANO (Resenha da Obra de José Miguez Bonino)


Categoria: Acervo
Imagem: John Wesley, precursor do Metodismo, pregando em público - camposdeboaz.com.br
Publicado: 06 de Janeiro de 2023, Sexta Feira, 15h28

Por: Matheus Panzin e Lucas Vieira

Resenha apresentada em cumprimento às exigências da disciplina Tópicos/Temas Especiais em Igreja e Religião I, do curso de Bacharel em Teologia, ministrada pelo professor Ronaldo Cavalcante.

Está é uma resenha crítica da terceira seção do livro “Luta pela vida e evangelização: A tradição Metodista na teologia latino-americana” do autor José Míguez Boninoobra publicada pela editora Paulinas em 1985.

José Míguez Bonino nasceu em Santa Fé, Argentina, em 05 de março de 1924 e faleceu 30 de junho de 2012. Em 1948 obteve licenciatura em teologia pela Faculdade Evangélica de Teologia de Buenos Aires (atualmente ISEDET). Em 1960 obteve o doutorado, em teologia, pela Union Theological Seminary, em Nova York. Foi integrante da Comissão de Fé e Constituição e também do Comitê Central do Conselho Mundial das Igrejas. Observador da igreja Metodista no Concílio Vaticano II. Entre 1954 e sua aposentadoria, tornou-se professor de ética e de teologia na faculdade onde obteve sua licenciatura, onde também se tornou reitor. Foi professor visitante também em Union Theological Seminary em Nova Yorque, na Faculdade Valdense de Teologia em Roma e no “Selly Colleges” em Birmingham (Grã-Bretanha). E recebeu o título Doutor honoris causa em várias universidades.[1]

A terceira seção da obra corresponde às páginas de cento e trinta e um à duzentos e cinquenta e cinco, que conta com sete textos e sete autores que contribuem para a releitura à partir do contexto latino-americano. O primeiro texto de José Míguez Bonino, teólogo e metodista com o texto “Metodismo: releitura latino-americana”. O segundo texto é de Ely Éser Barreto César, teólogo e metodista com o texto “Condições para uma leitura bíblica protestante, de inspiração metodista, a partir dos pobres da América Latina”. O terceiro texto é de Hugo Assmann, teólogo e sociólogo, católico e seu texto é “Basta a “santidade social?”. O quarto texto quem escreve é Vitório Araya G. teólogo-biblista e metodista, com o texto “Por uma igreja solidária com os pobres: um desafio para o metodismo”.  O quinto autor a escrever é Jorge V. Pixley, teólogo-biblista e batista, com o texto “Ídolos que matam: no mundo e na igreja”. O sexto autor a escrever na secessão é Sérgio Marcus Pinto Lopes, pastor e metodista, com o texto “A proliferação dos ídolos que matam: idolatria dos poderes opressores e formas de idolatria nas igrejas”. E por fim, o sétimo e último texto da dessa terceira secessão do livro, tem como contribuinte o autor Aldo M.Etchegoyen, pastor, presidente de CIEMAL e metodista, com o texto “Teologia do pecado e estruturas de opressão”.

Em seu texto, José Míguez Bonino começa falando de uma questão que surge de forma inevitável com o  interesse e compromisso com a história do povo, falando aqui à partir do contexto latino-americano, que é a pergunta sobre a relação entre a ação de Deus, os seus efeitos de salvação e as ações, projetos, ideologias e conflitos humanos. Aqui Binino afirma algo muito interessante:

Se a fé tem que ser vivida na história, como história, não podemos imaginar um sujeito humano “transcendental” que se relacione com Deus separadamente do sujeito humano histórico que atua no plano temporal. Nem podemos imaginar uma ação transcendental de Deus que opere na história fora ou nos vazios da corrente de processos de que os seres humanos são sujeito. A teologia protestante tradicional tem estado tão preocupada em evitar qualquer “titanismo”, qualquer tentação de sacralizar a obra humana à custa da transcendência divina, que nos parece correr o risco de esvaziar a ação humana de qualquer significado teológico. A referência a Deus só opera relativizando, limitando todo projeto humano, restringindo o significado de toda ação humana a campo penúltimo e, portanto, explícita ou implicitamente ao dispensável, ao opcional ou ao menos, em última palavra, ao não significativo.[2]

Mas para José Míguez, na história do protestantismo, Wesley aponta um elemento novo em sua doutrina e prática da conversão e santificação. Os biógrafos de Wesley debatem a relação entre as lutas e resoluções em 1725 e a experiência de Aldersgate em 1738. Para o autor, a chave tanto do ministério como da teologia de Wesley acha-se na unidade e convergência das duas experiências do que no contraste e descontinuidade. Porque até 1725 Wesley fala sobre a questão do sujeito cristão, mas em 1738 verificou-se para ele uma resposta mais profunda, uma percepção paulina, de que é Deus quem quem cria esse sujeito autêntico e genuíno, o verdadeiro “sócio” do pacto, nesse caso, o sujeito cristão ativo seria um dom.

Wesley não estava preocupado em acalmar a ira de Deus, mas focado a respeito de como servir a Deus plenamente. A teologia de Wesley parece ser uma soteriologia que tenta articular justificação e santificação de maneira tal que a graça se revele e se realize na operação do amor na história, aqui está a chave da teologia de Wesley.

O homem não é somente aceito por Deus, mas também “feitos de novo”, recebendo um poder e uma dignidade efetiva, visível e mensurável. Passando a ser sujeitos conscientes disso e ativos de uma nova vida, de forma histórica. Essa realidade é a conversão e para a maior parte dos estudiosos de Wesley, a conversão é identificada como regeneração.

Para Wesley regeneração se explica numa analogia do nascimento, destacando dois fatos nessa analogia: de um lado o caráter decisivo da regeneração. Há um antes e um depois. Isso marca uma volta decisiva, do pecado para Deus. Mas a analogia sublinha também a continuidade: é a mesma pessoa. Há uma vida anterior ao nascimento, com os mesmos órgãos de percepção e sentimento, que agora se torna atual e operosa pelo poder do Espírito. A analogia também se amplia para se referir ao permanente crescimento até a plena maturidade. A conversão então olha para traz, para uma humanidade real ainda impotente, e para frente, para uma maturidade humana ainda imperfeita, mas que cada vez mais se torna mais plena.

A conversão para Wesley, na visão de William B. Pope, a conversão é o ponto de encontro da busca humana e a graça de Deus. A conversão corresponde mais estritamente ao começo da vida cristã, como um salto decisivo e inicial. Outro aspecto conhecido é a ênfase na experiência, a consciência que acompanha a conversão. O homem passa a se tornar consciente da nova situação que se encontra. O novo nascimento testemunha a si mesmo, à consciência, com uma auto evidência que não necessita de provas externas. Mas não se trata apenas de um sentimento subjetivo, isso deve ser reforçado pela qualidade de vida, a concreta realização de atos de amor naqueles em quem o Espírito testemunha sua presença. Assim a regeneração acontece tanto no nível da consciência, como também em nível ético. Novidade e continuidade. Para Bonino, o ponto central então se acha, no fim das contas, na consciência moral, quando confirmada e elevada a um novo plano de autocompreensão então passa para a realização.

Se estas observações são válidas, podemos resumir a doutrina wesleyana da conversão tomando em conjunto os seguintes elementos:

  1. Ela se situa na perspectiva da busca humana de excelência moral;
  2. Gira em torno do poder capacitador da graça;
  3. Culmina no aperfeiçoamento da luta moral do homem, não mediante um mero crescimento quantitativo, mas mediante uma mudança qualitativa produzida pela graça de Deus;
  4. Vincula experiência ética prévia do homem ao seu subsequente crescimento na graça, de maneira que o homem novo (regenerado) é ao mesmo tempo a plenificação e a reinstalação do homem velho (não regenerado);
  5. Invoca a consciência subjetiva, reivindica pela ação correspondente, desta transformação fundamental.

Bonino ao discutir sobre as condições para se repensar as doutrinas de Wesley, diz que seria um grande erro, carregado de grandes consequências, transferir diretamente para nossa situação o ponto de vista wesleyano de conversão. Porque para ele quando se tenta fazer isso, o que acaba acontecendo é apenas a caricatura do original. Isso porque as condições presentes impões às concepções e formulações uma conotação muito diferente. Seria pois, necessário, empreender uma reconcepção. Visando pelo menos três conjuntos de fatores.

Em nível Teológico: é necessário superar o caráter formal das articulações doutrinárias de Wesley nos seguintes pontos: cristologia, a noção de amor e a própria concepção de Deus. Bonino diz que John Deschner tratou de ler a cristologia de Wesley no melhor sentido possível, mas apesar disso, reconheceu várias falhas. Uma delas é o o desinteresse de Wesley pela humanidade de Jesus Cristo como realidade histórica e concreta, omissão agravada por conta da ênfase abstrata na lei em relação ao ofício profético e por sua dificuldade em reconhecer a realidade da humilhação de Jesus.

A necessidade de repensar também as doutrinas de Wesley, vem da renovação bíblica e teológica dos últimos cinquenta anos, como os estudos crítico-históricos. O fato de que temos que formular tais conteúdos da história da salvação e da graça de Jesus, da esperança de novos céus e novas terras, introduz uma mudança decisiva na concepção da  conversão.

O segundo conjunto de fatores tem haver com as pressuposições filosóficas, psicológicas e sociológicas das formulações do século XVIII. Facilmente percebe-se uma conversão ou regeneração que tem lugar num plano metafísico e só depois é refletida ou atuada na história, num segundo momento.

Não se trata agora de polemizar contra está concepção. Basta assinalar que, quaisquer que hajam sido seus valores na interpretação do Evangelho em diálogo com uma certa concepção filosófica, não é nem radicalmente bíblica nem adequada à nossa situação. Nem a bíblia parece interessar-se num “ser” de Deus que estaria no além ou separado de sua ação nem concebe como tampouco o faz o pensamento moderno, uma pessoa humana constituída à parte das ações e relações da existência histórica.[3]

Finalmente o último fator a se pensar que o autor estabelece é: é a alma individual que é salva, santificada, aperfeiçoada.[4] Para o autor, tais ideias são, no mínimo, uma ficção, em relação ao que da psicologia hoje sabemos. Do subconsciente, dos símbolos, dos mecanismo ideológicos. A consciência não é uma área privada, mas o foco de um reflexo processo que inclui relações históricas, no tempo e no espaço.

Essas observações críticas não têm por objetivo depreciar a conversão ou minimizar sua importância. Muito ao contrário, ao pôr em revelo as limitações inerentes à época em que se plasmou, indicam uma busca da maneira como a conversão possa readquirir seu lugar e significado central na responsabilidade evangelizadora da Igreja na atualidade. Tal coisa me parece urgente e decisiva para o Cristianismo no momento presente.[5]

Ely Éser em seu texto vai dizer que toda leitura é condicionada aos dados do presente e que a única releitura legítima da Bíblia é a que se dá a partir da realidade contemporânea. Partindo do título do seu texto, essa é a condição para uma leitura bíblica protestante na américa-latina.

Em seu texto ele propõe o seguinte roteiro: 1) Retomada dos princípios protestantes fundamentais desde a perspectiva de John Wesley. 2) Pautas hermenêuticas possíveis desde o princípio da Sola Scriptura, no contexto dos princípios protestantes revistos por Wesley e atualizados à nossa realidade. 3) Necessidade de uma pastoral missionária latino-americana para sustentar uma releitura bíblica a partir dos pobres.

Sobre o primeiro ponto Ely Éser conclui que apesar de não podermos acompanhar hoje a hermenêutica racionalista de Wesley, a Bíblia continua sendo vista como ponto de partida das concepções teológicas protestantes. Isso revela que as pautas hermenêuticas que procuramos para o nosso hoje latino-americano, se pretendem alcançar nossa comunidade protestante de modo significativo, deve avaliar pelas próprias Escrituras.

É necessário também que tenhamos consciência de que, nos situamos numa perspectiva hermenêutica. E não podemos perder de vista que os fundamentos do protestantismo, em sua origem histórica, pertencem à história dos povos protestantes do hemisfério norte. Ele nos foram legados por  uma ação missionária não isenta de equívocos que provocou algumas formas de violência cultural. Mas a busca da identidade pode ser um chamado para uma reinterpretação da história que nos desbloqueie e n permita participar da mudança necessária, uma memória que evoque um chamado e uma missão.

No segundo ponto de forma resumida o autor diz que o combate pela busca de uma hermenêutica deve se situar no campo da percepção da única realidade histórica humana. Na situação que estamos inseridos, como membro do Terceiro Mundo,  o fato decisivo que define nossa busca de correção hermenêutica é que a realidade de pobreza do mundo é provocada pelas nações desenvolvidas, de um lado. E de outro está o fato de que, em nossa percepção bíblica da direção dos atos de Deus na história nós discernimos sua opção preferencial pelos pobres. Entendemos que é nestes dois níveis que deva se dar nosso diálogo com os seguimentos burgueses de nossa sociedade ou com as sociedades dominantes.[6]

E para finalizar o autor diz que o ponto de partida para uma nova prática hermenêutica é a própria práxis de uma pastoral popular! É de fato um encontro com o pobre, numa conversão de mentalidade, num contexto de dominação para uma mentalidade que possa constatar que é a partir do popular e das reivindicações do pobre que se encontrarão subsídios para a construção de nova sociedade.

Ao lado de uma instrumentação teórica que suporta a nova hermenêutica bíblica é fundamental a instrumentação das comunidades protestantes para a verdadeira experiência de uma pastoral que fará emergir uma nova estrutura comunitária e um novo compromisso histórico. [7]

Agora resenhando o texto de Hugo Assmann ele começa citando um pensamento de Wesley que diz: O Evangelho de Cristo não conhece religião, que não seja religião social; não conhece santidade, que não seja santidade social” John Wesley, Obras, VIII, 593.

Para ele é terrível a verdade como as igrejas estão pouco preocupadas com a conversão, a conversão à santidade social que se concretiza no compromisso ao lado dos pobres, dos excluídos, dos ameaçados da terra. Para ele pode-se constatar uma forte corrente neoconservadora e uma tendência ao reforço institucional e à re-sacerdotização em muitas esferas das igrejas. Ele chega afirmar que as igrejas chegaram a um impasse assustador. O cristianismo se tornou mais difícil e por isso mais necessário do que nunca.

E ele encerra dizendo as verbalizações e proclamas são coisas necessárias, mas não suficientes nem imune a usos ambíguos. A santidade social depende das mediações históricas que a articulam. Só proclamada, A SANTIDADE SOCIAL NÃO BASTA![8]

De forma mais direto sobre a questão da conversão social, fala Vitório Araya G. no quarto texto dessa obra, que tem como ponto principal o pobre e a igreja solidária. Ele começa mostrando os e os desafios da igreja. Com a “pobreza absoluta” de 800 milhões de pessoas. Situação histórica de dependência e dominação de dois terços da humanidade, com 40 milhões de mortos por fome e desnutrição ao ano, para ele é sem dúvida esse cenário, o grande desafio para qualquer igreja cristã, mesmo dos países desenvolvidos e dominadores.

A inumanidade da realidade vivida pelo pobre é dura de mais para não questionar a maneira como vivemos e refletimos sobre nossa fé. O caminho que se impõe para a missão da igreja é o que se define, enquanto atitude fundamental, como de busca. A igreja cristã enfrenta ao longo da história e no cumprimento de sua missão, muitos e variados desafios históricos e isso é uma consequência inevitável à fidelidade a Jesus Cristo e seu seguimento, num caminho de obediência e de um verdadeiro anúncio do Evangelho do Reino.

Defender o pobre requer tempo e conseguir recursos para defender sua vida. Por isso para se fazer a defesa do pobre promove e mais do que isso, exige a solidariedade entre as igrejas do “centro” e as igrejas das periferias. Entre as igrejas missionárias e as igrejas missionantes, e entre todas as igrejas cristãs num processo de apoio recíproco. Carregando um ao outro, no plano histórico, eclesial e teologal, eliminando as abismais diferenças sociais, agindo de maneira concreta em favor dos pobres, na transformação de uma realidade de opressão para uma realidade de libertação. Para que a boa notícia, proveniente de Deus de quem seu Reino irrompe, chegue a nós transformada em realidade palpável, na comunhão do amor solidário e na participação fraternal da terra, no pão e na alegria para todos, como realidade tangível e prazer coletivo (Is 65, 17-25).

De forma também bem à partir da realidade fala Jorge V. Pixley no quinto texto. E falando sobre ídolos ele diz que diversos fenômenos dentro do termo idolatria se assemelham. São pelo menos os seguintes: 1) O culto a  “outros deuses” que não sejam a Iahweh.. 2) A fabricação de imagens que sejam objetos de culto, quer se trate de imagens de Iahweh ou imagens dos outros deuses. 3) A adoração, como o nome de Yahweh, de um outro deus que não salva e que encobre os crimes dos governantes. 4) A atribuição, fora do âmbito religioso, do poder de vida e morte sobre os seres humanos a uma coisa que não é Yahweh e que não pode salvar.

Para o autor, existem dois ídolos mundanos que matam hoje, que são deuses opressores e esses dois são para ele inter-relacioinados: o capital e as forças armadas. Do ponto de vista teológico, matam por necessidade intrínseca. Enquanto que sua capacidade de dar vida é limitada. É necessário também mostrar que esses deuses gozam de uma autonomia relativa mesmo em relação às pessoas que se beneficiam de sua existência. Em outras palavras, nem os mesmos opressores são capazes de manipular livremente a esses deuses, que impõem suas próprias exigências que não respondem a uma lógica humana.

E existe também os ídolos que matam dentro das igrejas. Não há dúvidas de que na atualidade, os ídolos mais perigosos não são os ídolos religiosos, mas os ídolos do mundo que acabei de citar. E também é fato de que as igrejas se prestam a legitimá-los esses ídolos mundanos. Esses casos não são mais do que manifestações religiosas de ídolos que não foram criados nem têm sua vitalidade no interior das igrejas.

Existem também os ídolos que são religiosos, aqueles que têm seu ambiente natural as igrejas. Sem embargo, o liberalismo alcançou em êxito tão amplo que as igrejas já não têm, em relação a ele, o poder que uma vez tiveram; e com a perda de poder por parte das igrejas elas também perderam parte de seu poder para destruir os ídolos que as igrejas fabricam e adoram.

Para o autor o remédio principal contra a idolatria que se tributa aos ídolos criados dentro da igreja é o estudo bíblico. Trata-se de uma luta mais importante ainda, a formação teológica que recebemos na igreja é uma arma importante para essa luta.

Ainda falando sobre ídolos o autor Sérgio Marcus Pinto Lopes, no sexto texto fala a respeito da idolatria através dos poderes opressores e formas de idolatria nas igrejas. O Autor começa falando sobre a necessidade de conhecer os “progenitores” da idolatria entre nós.

Não se distanciando de Israel, que em momentos de uma reduzida ou ausência percepção de sua missão histórica, apelava sempre à substitutos mais à mão, mais palpáveis e concretos, não tão desafiadores e não tão exigentes de fé invisível. Isso acontece quando na medida em que eles e nós perdemos de vista nossa responsabilidade missional, ou a sentimos nebulosa, ou quando diante de nós se nos apresenta o deserto e o mandamento ainda não veio, corremos a buscar novos bezerros de ouro que nos confortem com sua presença para nos dar segurança. E para o autor é nessa busca de substitutos do Senhor que nascem todos os demais filhos da idolatria.

Como idolatria nas igrejas ele examina primeiramente a idolatria da estrutura metodista. Não porque seja a mais mortífera, mas porque para ele tem sido uma das mais evidentes na história. Segundo ele, os metodistas são narcisistamente apaixonados pela organização denominacional. Chegam até afirmar que Wesley, se não foi um grande teólogo, foi seguramente o maior líder protestante com sua capacidade organizadora. Sua superioridade estava no fato de que foi capaz de organizar bandos, sociedades, estritamente controladas, metódicas em seu trabalho e desenvolvimento, que fizeram com que atravessassem momentos difíceis que diluíram muitos outros grupos.

Para escapar dos ídolos o autor diz que a primeira coisa a se fazer é dar os nomes certos aos ídolos, nomea-los. Ele diz que, se uma das armas de Satanás é o disfarce, o que ele mais tem então é exatamente revela-lo, mostrar a sua realidade. O ídolo deve ser mostrado como realmente ele é.

Outra coisa importante a ser feito é entender que serpentes de bronze que em um determinado momento da história, foram úteis para curar o envenenamento das picadas das víboras, podem também, com o passar do tempo, transformar-se em Noestãs malditos, que precisam ser quebradas, para que se possa viver de forma correta. O importante é agir em constante autoexame, continuamente reavaliando nossa vida e missão, pois o medo ao culto dos ídolos pode ter efeitos paralisantes mortíferos, transformando-se, ele próprio, em outras formas de idolatrias.[9]

E finalizando, resenho a última parte da terceira secessão com o texto de Aldo M. Etchegoyen e termino aqui falando da parte final de seu texto.

Diante das estruturas de opressão, a conexialidade das igrejas deve ser um treino para um verdadeiro ecumenismo maduro e amplo, não só se fazer um trabalho unido com irmão de fé,  mas inclusive com todos aqueles que, por sua boa vontade, descobriram o valor de a dignidade da vida, acima de qualquer outro valor no mundo.[10] A conexialidade tem certamente um sentido religioso, mas também secular e não é socialmente neutra, é a luta da vida contra a morte! E a própria Escritura Sagrada diz que o próprio Deus escolheu esse caminho, da união.. O sinal é muito forte no nosso contexto e nos mostra que a luta e o trabalho é imenso pois grandes são as forças de dominação e de opressão. Se não nos colocarmos firmemente contra esses poderes e fizermos guerra, não estaremos apenas negando nossa tradição de fé, mas também o Senhorio de quem venceu o pecado e a morte e acrescento aqui também, estaremos negando quem Ele escolheu ser reconhecido, o necessitado.

Notas:
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_M%C3%ADguez_Bonino

[2] —

[3] Página 138

[4] Página 139

[5] Página 139

[6] Página 186

[7] Página 187

[8] Página 202

[9] Página 242

[10] Página 255

 

Fonte: Academia.Edu


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