[HUDSON LEBOURG] CONVERSA DE HUDSON LEBOURG E MARCELL DE OLIVEIRA SOBRE ARMINIANISMO E CALVINISMO


Categoria: Coluna
Imagem: Google Images
Publicado: 13 de Julho de 2017, Quinta Feira, 14h52

Por: HUDSON LEBOURG (foto)

Decidi-me lucubrar para poder dar uma resposta realmente caprichada. Vale ressaltar que será extremamente difícil esgotar todo o assunto, mas tentei dar uma “pincelada” sobre o que abordou.

Coloquei os textos que escrevestes entre aspas e os meus logo a seguir, para fixar de um jeito sistemático de dividir os assuntos:

“Ola Hudson, pelos trabalhos que faço pela internet, confesso que eu não gostaria de ser conhecido como um arminiano e nem como um calvinista, pois não trabalho em defesa ou contra a um determinado movimento.”

Olá Marcell, meu grande amigo, ao qual tem me ajudado a divulgar os escritos no site protestantismo e analisa as “tantas coisas besterentas” que escrevo!
“Hehehe!”
Brincadeiras à parte, sou totalmente contra o movimento do Calvinismo. Não de acordo a ótica arminiana, mas em relação a ótica bíblica.

“A propósito, eu nasci e cresci em uma família arminiana e sou grato a Deus por tudo o que aprendi nessa convivência. Porém, meu interesse é apenas a historiografia do Protestantismo de uma forma geral, sempre explorando todos os lados.”

Isso é bem legal, estudar a história dos dois lados. No caso, se estudarmos o que há de certo e o que há de errado. Duas duplas de nomes do protestantismo estão em jogo. A primeira dupla:

  • João Calvino, com a dupla predestinação, dizendo que Deus manda pessoas para o inferno e que é algo que a Bíblia não diz (Pediu para que a morte Miguel Servetus fosse só a decaptação da cabeça ao invés de quemá-lo vivo, por não acreditar na sua forma de pensar; além de transformar Genebra na “Roma do Protestantismo”);
  • Martinho Lutero, com Una (Única) Predestinação, dizendo que Deus manda pessoas apenas para o céu – o restante de não ir para lá é consequência (Apoiou a morte de diversos anabatistas por não concordarem com a sua doutrina, além do pedobatismo).

A segunda dupla:

  • Eramos de Roterdã, teólogo e humanista que debateu com Martinho Lutero e esse diálogo (debate) ficou conhecido como Diatribe (Não há relatos que matou ninguém);
  • Tiago (Ou Jacob no inglês) Armínio, que escreveu vários escritos sobre Calvino, sendo contra ele. Calvino viveu de 1509 à 1564 e Armínio de 1560 a 1609, ou seja, Armínio tinha cerca de 4 anos quando Calvino morreu. Os seguidores de Armínio, após 1603, quando começou a dar aula de Teologia; divulgaram a Remonstrancia, que em contra partida com os seguidores de Calvino, divulgaram a TULIP (Também não há relatos que matou ninguém por não crer na sua forma de pensar, apesar da Confissão de Westminster considerar seus escritos como hereges – ademais os avaliadores eram todos calvinistas).

“Tudo o que li sobre Calvinismo e sobre o Arminianismo até nesse exato momento achei tão interessante que, na minha opinião, os dois grupos poderiam se entender e não se separar.”

Ao contrário, vejo que as duas visões não batem e são antônimas entre si.

Inexoravelmente, o calvinismo propõe:

  • Salvação para os ricos, pois “a riqueza é um símbolo da aceitação de Deus e a pobreza é um símbolo da rejeição de Deus;
  • Deus é o autor do pecado;
  • Todo o mal que acontece é porque “Deus quis que acontecesse pela sua “Vontade soberana” e não pela sua “Vontade Permissiva”;
  • O Homem não tem livre arbitrio e agora é “nascido escravo” de Deus (Diferente do que Jesus fala que “Se o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:36).

“No Calvinismo, vi um Deus absoluto que sabe de todas as coisas do presente, do passado e também do futuro. Vi um Deus que conhece cada um de nós e que já planejou tudo antes mesmo de cada um de nós nascermos.”

Esse “absolutismo” é exacerbico, ao qual Deus manipula até Satanás, visto que não é isso que acontece. Vemos isso na vida de Jó, quando o diabo vai até Deus e pede permissão. O Senhor não solta o diabo como um cachorro nas pessoas. Quem propôs a tentação na vida de Jó não foi O Senhor, mas o diabo e só acontece debaixo da autoridade do Senhor e não porque Ele quis.

“A respeito da condenação ao inferno, por exemplo, o pastor Lucinho da Igreja Batista da Lagoinha disse algo bacana que nunca vou esquecer. Ele disse que ‘Deus SABER que alguém vai para o inferno é completamente diferente de MANDAR esse alguém para o inferno’. Não sei se esse pastor é calvinista ou arminiano.”

O Pastor Lucinho não apoia a teologia sistemática calvinista e essa afirmação é uma das máximas de Erasmo, depois defendida por Jacob. Interessante é que da compilação de Erasmo do Novo Testamento, conhecida como Textus Receptus (“Texto Recebido” que não duvidava nada do que estava escrito como o “Texto Crítico” utilizado pelos Judeus Messiânicos) foi utilizada por Lutero para traduzir para o Alemão, para William Tyndale para o Inglês (O Novo Testamento Anterior foi com John Wycliffe, mas com a Vulgata latina) e para, até, o próprio Calvino (E seus seguidores) para o francês. Quem estaria em um patamar de conhecimento e interpretação maior? Lutero e Calvino ou Erasmo de Roterdã?

“No caso do Arminianismo, vi sobre o discernimento que Deus deu ao homem e da necessidade do homem em correr atrás de sua salvação. Da necessidade do homem em se preocupar com a sua vida espiritual, de que o homem precisa sempre estar atento para não cair em tentação nesse mundo maligno em que vivemos.”

A necessidade do homem em correr atrás de sua salvação e a necessidade do homem em se preocupar com a sua vida espiritual, sempre estar atento para não cair em tentação nesse mundo maligno em que vivemos é super importante.
E biblicamente é isso que vemos nas 7 cartas de Jesus às Igrejas da Ásia (Quem escreveu foi João, mas quem ditou foi o próprio Jesus…), ao qual fala “quem vencer, quem for até o fim”. Com certeza, quem for até o fim tem o mérito e logicamente e consequentemente, se tem os vencedores, terão os perdedores que “não herdarão a Coroa da Vida” (Tg 1:12; Ap 2:10).

“Será que ninguém vê essas duas teorias juntas como algo gratificante?”

O que tem de parecido, se bem que os batistas ingleses adotaram um pouco da ótica teológica calvinista de Spurgeon, seria a questão dos 5 Solas (Fide, Gratia, Scriptura, Christus e Deo Glorian), questão de protestar contra a infabilidade papal, contra as imagens de escultura, contra as indulgências, purgatório e a transubstanciação (Que diz Jesus está dentro sa hóstia) – em resumo seria isso. No mais tem pensamentos bem diferentes entre si em soteriologia e escatologia.

“Além disso, devo ressaltar que não tenho muito costume de analisar o Calvinismo na visão Arminiana e nem o Arminianismo na visão Calvinista, as vezes eu faço isso, mas sem dar muita ênfase. Como já falei, meu foco mesmo é a historiografia do Protestantismo de uma forma geral.”

Nem eu gostaria de fazer dessa forma ou já fiz dessa forma. Os autores desses livros não são propriamente arminianos. Dão aulas em Seminários Wesleyanos ou interdenominacionais.

“Por outro lado, eu gostaria de ler algo sobre o “lado negro do Calvinismo”, mas me sentirei obrigado a também ler algo sobre o ‘o lado negro do Arminianismo’.”

Tem um livro que se chama “Contra o Arminianismo e Seu Ídolo Pelagiano, O Livre Arbítrio” (Por John Owen) e que se encontra na plataforma Kindle. Este livro confunde Livre Arbítrio com “Salvação para todos, independentemente de qualquer coisa”; algo totalmente diferente do que Erasmo propôs, pois ele falava da aceitação ou não do chamado que Cristo nos faz. Podemos recusar ou não e isso se resume a unicamente uma palavra: “obediência”.

Já tive oportunidade de conhecer uma Catedral Luterana em São Paulo e, apesar de parecer um pouco com o “desânimo e frieza católico”, senti Deus lá e com todos os luteranos que conversei; apesar de não concordar com toda doutrina Luterana, principalmente com relação a predestinação salvífica relatada por Lutero.

Algo que não senti nas Igrejas presbiterianas, como por exemplo, a Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro. E todas as pessoas que aderem a essa doutrina da dupla predestinação, tornam-se frias e apenas ligadas a letra (Como dizia um próprio meu da presbiteriana: “uma cemiteriana”..

“Deus o abençoe ricamente.”

Deus abençoe abundantemente, Em Nome de Jesus!


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