ESCRITOS DE LUTERO: QUE JESUS CRISTO NASCEU JUDEU (1523) / SOBRE OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS (1543)


Categoria: Martinho Lutero
Imagem: Judeus e Lutero - Protestantismo.com.br
Publicado: 10 de Agosto de 2016, Quarta Feira, 21h43

Prezados,
Graça e Paz

Esta página é a mais longa do site, pois nela decidi passar os dois escritos completos de Martinho Lutero sobre os Judeus em um só local. O motivo deste meu trabalho é simplesmente mostrar a obra completa de Lutero. Pois quando pesquisamos sobre a relação que Lutero teve com os judeus pela internet, infelizmente apenas encontramos pedaços de trechos de suas obras. Nunca a obra completa. E acabamos que interpretando uma frase isolada sem nos importarmos com o contexto.

Ao ler a obra “Que Jesus Cristo Nasceu Judeu” de 1523, fiquei profundamente alegre porque Lutero defendeu e exortou os judeus de uma maneira fantástica! Ele os exortou com compaixão e exaltando a Cristo de uma maneira surpreendente. Simplesmente é uma obra que recomendo bastante para uma boa reflexão! Por outro lado, parece que o mundo luterano despencou 20 anos mais tarde com a obra “Sobre os Judeus e Suas Mentiras“. Confesso que não me sentia bem enquanto digitava essa obra. Me dava uma péssima sensação de que eu mesmo (não Lutero) estava amaldiçoando os judeus enquanto planejava em publicar tal obra aqui no site. Mas, eu gostaria de dizer que jamais fiz apologia ao antissemitismo e o que vemos aqui é apenas uma questão histórica, sem frases isoladas, valorizando todo o contexto.

Att,
Marcell de Oliveira


QUE JESUS CRISTO NASCEU JUDEU (1523)
Fonte: 
Universität Duisburg-Essen
Agradecimentos: 
Lutero da Depressão
Tradução: 
Marcell de Oliveira com pinceladas do Google Tradutor e do Dicionário Oxford Escolar Para Estudantes Brasileiros de Inglês
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A nova mentira sobre mim está sendo divulgada. Eu deveria ter pregado e escrito que Maria, a mãe de Deus, não era virgem antes ou depois do nascimento de Cristo, mas Cristo que concebeu através de José, e teve mais filhos depois disso. Acima e além de tudo isso, eu deveria ter pregado uma nova heresia, ou seja, que Cristo era [por intermédio de José] a descendência de Abraão. Como essas mentiras agradam meus bons amigos, os papistas! Na verdade, eles condenam o evangelho para servi-los bem em satisfazer e alimentar deleite em seus corações e alegria com mentiras. Atrevo-me a apostar meu pescoço que nenhum daqueles mesmos mentirosos que alegam essas coisas em homenagem à mãe de Deus, acreditam de coração em um único desses artigos. No entanto, com suas mentiras, eles fingem que estão muito preocupados com a fé cristã.

Mas, afinal, eles são de uma tal forma miseráveis mentirosos que eu os desprezo e prefiro não respondê-los. Nestes últimos três anos, eu tenho crescido muito acostumado com as mentiras que ouvia, mesmo dos nossos vizinhos mais próximos. E eles, por sua vez, têm crescidos acostumados com a nobre virtude de não corar de vergonha quando são condenados publicamente de mentir. Deixam-se repreender como mentirosos, e ainda continuam com suas mentiras. Ainda assim, são os melhores cristãos que lutam com tudo o que possuem, devorando os turcos e extirpando todas as heresias.

Uma vez que para o bem dos outros, no entanto, sou obrigado a responder a essas mentiras, e eu pensei em escrever algo de útil, de modo que eu não roube o tempo do leitor com algo podre e sujo. Portanto, vou citar a partir das Escrituras as razões que me movem a crer que Cristo era um judeu nascido de uma virgem, que eu talvez também ganhe alguns judeus para a fé cristã. Nossos tolos, os papas, os bispos, sofistas e monges cabeça de burros brutos que trataram mal os judeus até agora, que qualquer um que quisesse ser um bom cristão seria quase um judeu. Se eu fosse um judeu e visse esses idiotas cabeças-duras estabelecendo normas e ensinando a religião cristã, eu preferiria ser um porco a ser cristão. Eles tem tratado os judeus como se fossem cães, e não como seres humanos; ridicularizando-os e confiscando suas propriedades. Quando são batizados, os judeus não recebem ensinos das doutrinas ou da vida cristã, apenas tornam-se submissos aos papistas e fradaria. Quando os judeus viram que o judaísmo tem um forte apoio nas Escrituras, e que o cristianismo tornou-se um mero murmúrio sem dependência das Escrituras, como eles poderiam compor-se e tornar-se bons cristãos? Eu já ouvi dizer sobre judeus piedosos batizados que, se não tivessem vivendo na nossa era, ouviriam o Evangelho permanecendo judeus sob o manto do cristianismo pelo resto de seus dias. Para reconhecerem que não ouviram nada sobre Cristo dentre aqueles batizados e ensinados.

Espero lidar com os judeus com gentileza e instruí-los com cuidado sobre as Sagradas Escrituras. Muitos deles tornarão cristãos genuínos voltados à fé de seus pais, os profetas e patriarcas. Eles só irão se assustar caso o judaísmo for completamente rejeitado e tratado apenas com arrogância e desprezo. Se os apóstolos, que também eram judeus, tivessem o mesmo tratamento para com os gentios, nunca haveria Cristianismo entre os gentios. Uma vez que os judeus trataram os gentios de uma forma fraternal, que agora é a nossa vez de tratar os judeus de uma maneira fraternal também, a fim de que possamos converter alguns deles. Não estamos ainda muito longe, para não falarmos que já alcançamos todos.

Quando estamos inclinados no orgulho da nossa posição, devemos lembrar que somos gentios, enquanto os judeus são da linhagem de Cristo. Nós somos estrangeiros e sogros; já os judeus são parentes de sangue, primos e irmãos de nosso Senhor. Portanto, se é para se vangloriar de carne e sangue, os judeus são os que estão mais perto de Cristo do que nós, como diz São Paulo aos Romanos 9:5. Deus também tem demonstrado em seus atos de que nenhuma nação entre os gentios tem recebido tamanha honra como os judeus recebeu. Dentre os gentios não houveram patriarcas, nem apóstolos, nem profetas e, de fato, pouquíssimos cristãos genuínos. E apesar do evangelho ter sido proclamado ao mundo, ainda comprometida com as Sagradas Escrituras, isto é, a lei e os profetas, Deus declara os seus estatutos e ordenanças apenas e exclusivamente para Israel, e não tem se declarado assim para nenhuma outra nação como diz Paulo aos Romanos 3:2 e Salmo 147:19-20.

Dessa maneira, peço aos meus queridos papistas que devem estar cansados de me denunciarem como um herege, para aproveitarem a oportunidade de me denunciar como um judeu também. Talvez eu ainda possa ser um turco também, ou qualquer outra coisa que meus cavalheiros possam desejar.

Cristo é prometido pela primeira vez logo após a queda de Adão, quando Deus disse à serpente: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen. 03:15). Aqui eu demonstro que a serpente foi possuída pelo diabo porque nenhum animal mudo é tão inteligente que pode exprimir ou compreender a fala humana, muito menos falar ou perguntar sobre tais assuntos exaltados como o mandamento de Deus, assim como a serpente fez aqui. Portanto, deve ter sido um espírito racional, altamente inteligente e poderoso que era capaz de pronunciar o discurso humano, lidar magistralmente com os mandamentos de Deus, e aproveitar e empregar a razão humana.

Uma vez que é certo que o espírito é maior que um homem, também é certo que este é um espírito malígno e inimigo de Deus, porque ele quebra o mandamento de Deus e age contra a sua vontade. Portanto, é sem dúvida o diabo. Sendo assim, quando a Palavra de Deus fala em esmagar a cabeça, deve referir-se para a cabeça do diabo; embora não exclua a cabeça natural da serpente, uma única palavra possa referir tanto o diabo e a serpente como uma coisa só. Portanto, há um significado para ambas as cabeças. Mas a cabeça do diabo é o que tem poder pelo qual as regras malígnas, isto é, o pecado e a morte, por meio dos quais trouxe Adão e seus descendentes sob seu controle.

Essa semente da mulher que vai esmagar o poder do diabo, isto é, o pecado e a morte, não deve ser um homem comum, uma vez que todos os homens foram trazidos sob o diabo através do pecado e da morte. Assim sendo, este homem certamente deve estar sem pecado. Agora a natureza humana não produz tais sementes ou frutas como já foi dito, pois devido ao pecado, estão todos sob o diabo. Então como pode ser isso? A semente deve ser o filho natural de uma mulher; caso contrário, não poderia ser humano ou ser chamado de semente da mulher. Por um outro lado, como foi apontado, a natureza humana e o nascimento não produz tais sementes. Portanto, a solução deve finalmente ser que a semente é um verdadeiro filho natural da mulher; no entanto, a semente é derivada da mulher não da maneira normal, mas através de um ato especial de Deus, para cumprir o que está escrito nas Escrituras, que é a semente única de uma mulher e não de um homem. O texto de Genesis afirma claramente que vai ser a semente da mulher.

Portanto, é a primeira passagem que mostra a mãe desta criança descrita como virgem. Ela será sua verdadeira mãe natural; no entanto, irá conceber sobrenaturalmente por Deus, sem homem, a fim de que seu filho possa ser um homem distinto, sem pecado, mas tendo carne e sangue como os outros homens. Isso não poderia ter acontecido caso tivesse sido gerado por um homem como os outros, porque a carne é consumida e corrompida pelo mal da luxúria, de modo que seu ato natural da procriação não poderia ocorrer sem pecado. O que conceber através de um ato da carne, produz também um fruto carnal e pecaminoso. É por isso que São Paulo diz em Efésios 2:3 que todos nós somos, por natureza, filhos da ira.

Agora essa passagem de Gênesis foi a primeira mensagem do evangelho na Terra. Pois quando Adão e Eva, seduzidos pelo diabo, tinham caído e foram convocados para julgamento diante de Deus (Genesis 3:9), eles estavam em perigo de morte e a angústia do inferno, pois viram que Deus estava contra eles condenando-os; pois eles fugiram de Deus, mas não conseguiram. Se Deus tivesse deixado-os em suas angústias, eles se desesperariam e pereceriam. Mas quando ouviram a promessa reconfortante de Deus em levantar uma semente da mulher que pisará na cabeça da serpente, seus espíritos foram novamente vivificados. A partir dessa promessa que o conforto foi desenhado, acreditando firmemente na bendita semente da mulher que esmagará a cabeça da serpente, isto é, o pecado e a morte, por onde eles tinham sido esmagados e corrompidos.

Os pais, desde Adão em diante, pregaram e recomendaram esse evangelho, reconhecendo e acreditando na semente prometida desta mulher. E assim eles foram sustentados pela fé em Cristo assim como nós somos; eles foram verdadeiros cristãos como nós.

Só que naqueles dias, esse evangelho não foi proclamado publicamente em todo o mundo, como seria depois da vinda de Cristo. Mas permaneceram exclusivamente em poder dos santos pais e seus descendentes até a época de Abraão.

A segunda promessa de Cristo foi para Abraão, Genesis 22:18 onde Deus disse: “Em tua descendência (semente) serão benditas todas as nações da terra;” Se todos os gentios serão abençoados, então é certo que, caso contrário, todos os que estão distantes da descendência de Abraão, serão infelizes e amaldiçoados. Disto se segue que a natureza humana não possui nada além de sementes amaldiçoadas que carregam suas frutas infelizes; caso contrário, não haveria necessidade de serem abençoados através da descendência de Abraão. Quem diz “todos” não exclui ninguém; portanto, além de Cristo, todos os que nascem do homem devem estar sob o diabo, amaldiçoado pelo pecado e pela morte.

Aqui, novamente, a mãe de Deus é comprovada ser uma virgem pura. Uma vez que Deus não mente, era inevitável que Cristo seja a semente de Abraão, isto é, da sua carne natural e sangue, como todos os descendentes de Abraão. Por um outro lado, a semente deve ser abençoada e também deve abençoar a todos os outros. Ela não poderia ser gerada pelo homem; uma vez que tais crianças, como já foi dito, não podem serem concebidas sem pecado por causa da corrupta e contaminada carne, que não pode desempenhar sua função, sem mácula e do pecado.

Assim, a palavra pela qual Deus promete que Cristo será a semente de Abraão, exige que Cristo nasça de uma mulher e seja seu filho natural. Ele não vem da terra como Adão (Genesis 2:7); nem tampouco veio a partir das costelas de Adão como Eva (Genesis 2:21-22). Ele vem como uma criança qualquer de uma mulher, ele vem da semente dela. A terra não foi a semente natural para o corpo de Adão; nem foi a costela de Adão a semente natural para o corpo de Eva. Mas a carne e o sangue da virgem, a partir da qual as crianças vêm no caso de todas as outras mulheres, foi a semente natural do corpo de Cristo. E ela também era da descendência de Abraão.

Por um outro lado, esta palavra pela qual Deus promete a sua bênção sobre todos os gentios em Cristo, requer que Cristo não pode vir de um homem, ou pelo ato de um homem; para o trabalho da carne (que é amaldiçoado), é incompatível com o que é abençoado e é a pura bênção. Portanto, este bendito fruto tinha que ser o fruto do corpo de uma mulher apenas, não de um homem, mesmo que o corpo de muitas mulheres veio do homem, na verdade, mesmo a partir de Abraão e Adão. Portanto, esta mãe é uma virgem, e ainda uma verdadeira mãe natural; No entanto, não é pela capacidade física ou poder pessoal, mas unicamente através do Espírito Santo e do seu poder divino.

Agora essa passagem de Genesis 22:18 era o evangelho desde o tempo de Abraão até o tempo de Davi, o evento para a época de Cristo. É um curto ditado para ter certeza, mas um evangelho rico, posteriormente inculcado e utilizado de uma forma maravilhosa pelos pais tanto na escrita quanto na pregação. Muitos milhares de sermões têm sido pregados a partir desta passagem, e inúmeras almas salvas. Pois é a palavra viva de Deus em que Abraão e seus descendentes acreditavam, e pela qual eles foram resgatados e preservados do pecado, e da morte, e do poder do diabo. No entanto, isso também ainda não foi proclamado publicamente em todo o mundo, como aconteceu depois da vinda de Cristo, mas permaneceram exclusivamente em poder dos pais e seus descendentes.

Agora é só dar uma olhada nos louvores perversos da mãe de Deus. Se você perguntar-lhes o porque eles detêm tão fortemente à virgindade de Maria, eles realmente não poderiam dizer. Estes idólatras estúpidos fazem nada mais do que glorificar apenas a mãe de Deus; eles exaltam a sua virgindade e praticamente fazem uma falsa divindade dela. Mas as Escrituras não louvam esta virgindade para o bem da mãe; nem mesmo ela se salvou por conta de sua virgindade. Na verdade, a virgindade dela existe por si mesma, e malditos sejam todos aqueles que a louvam por isso, pois a louvam para o seu próprio lucro.

No entanto, o Espírito exalta essa virgindade porque era necessário para a concepção e o rolamento desta fruta abençoada. Por causa da corrupção da nossa carne, o fruto bendito não poderia vir, a não ser através de uma virgem. Assim, este propósito da virgindade existiu no serviço dos outros para a glória de Deus, e não a sua própria glória. Se tivesse sido possível para ele ter vindo de uma mulher casada, ele não escolheria uma virgem. Uma vez que a virgindade é contrária à natureza física dentro de nós, estava condenada de idade na lei, e é exaltada aqui apenas porque a carne está contaminada e a sua natureza física não poderia dar o seu fruto, exceto por meio de um ato maldito.

Conseqüentemente, vemos que São Paulo em nenhum momento chama a mãe de Deus uma virgem, mas apenas uma mulher como ele mesmo diz em Gálatas 4:4: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei…”. Ele não quis dizer que ela não era virgem, mas exaltava a virgindade dela adequadamente. Neste nascimento, uma mulher estava envolvida, mas nenhum homem participou; ou seja, tudo relacionado com ele foi reservado para a mulher. A concepção, a amamentação e a nutrição da criança, nenhum homem pode realizar tais funções. É, portanto, a criança de apenas uma mulher; portanto, ela deve certamente ser uma virgem. Mas um homem também pode ser virgem; uma mãe pode ser outra senão uma mulher.

Por esta razão também, a Escritura não tergiversa ou fala sobre a virgindade de Maria após o nascimento de Cristo. Um assunto sobre o qual os hipócritas estão muito preocupados, como se fosse algo de maior importância sobre a qual toda a nossa salvação dependia. Na verdade, devemos estar satisfeitos simplesmente por manter que ela permaneceu virgem após o nascimento de Cristo, porque a Escritura não afirma ou indica que mais tarde ela perdeu a virgindade. Nós certamente não precisamos estar com medo de que alguém irá demonstrar, fora de sua própria cabeça além da Escritura, que ela não permaneceu virgem. Mas a Escritura detém isso, de que ela era virgem antes e no nascimento de Cristo; até este momento, Deus tinha necessidade de sua virgindade, a fim de dar-nos a semente abençoada, prometida e sem pecado.

A terceira passagem é dirigida a Davi em II Samuel 7:12-14: “Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho.” Estas palavras não foram ditas por Salomão, pois Salomão não era um filho póstumo de Davi que levantou-se após a sua morte. Nem Deus depois de Salomão (que durante a vida de Davi nasceu e tornou-se rei), designou alguém como seu filho, dando-lhe um reino eterno, ou tê-lo de construir tal casa. Consequentemente, toda a passagem deve referir-se a Cristo. Vamos deixar essa passagem para o presente, pois ela é muito ampla e requer muita exegese; para uma amostra desse sentido de que Cristo tinha que ser o filho de uma mulher só, a fim de ser aqui chamado de filho de Deus, que não devia sair de um ato maldito.

A quarta passagem está em Isaias 7:14: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho.” Essa promessa não foi sobre uma virgem que estava prestes a se casar. Como seria maravilhoso alguém virgem receber um sinal de que terá um filho dentro de um ano? É um percurso normal da natureza, ocorrendo diariamente diante de nossos olhos. Se é para ser um sinal de Deus, portanto, deve ser algo notável e maravilhoso, fora do percurso normal da natureza, como é geralmente com todos os sinais de Deus.

Não é de nenhuma ajuda para os judeus que tentam contornar uma maneira para fugir desse assunto, isto é: o sinal consiste no fato de que Isaías afirma categoricamente que a criança deve ser um filho e não uma filha. Por essa interpretação, o sinal não teria nada a ver com a virgem, mas apenas com o profeta Isaías que profetizou tão precisamente que não seria uma filha. O texto falaria assim de Isaías: “Eis que o próprio Deus lhe dará um sinal, ou seja, que eu, Isaías, vou profetizar que uma jovem mulher está carregando um filho, e não uma filha.” Tal interpretação é vergonhosa e infantil.

Agora o texto vigorosamente refere-se o sinal para a mulher, e afirma claramente que o sinal é de uma mulher carregando um filho. Agora também, com certeza, o sinal não mostra uma mulher que não é mais virgem, a portadora de uma criança, seja ela a mãe de Ezequias ou qualquer outra mulher que os judeus apontam. O sinal é algo novo e diferente, uma obra maravilhosa e única de Deus de que esta mulher está grávida; a gravidez é o sinal. Agora eu não considero qualquer judeu estúpido que admite que Deus não tem poder o suficiente para criar um filho através de uma virgem, uma vez que eles são obrigados a reconhecer que Deus criou Adão da terra (Genesis 2:7) e Eva de Adão (Genesis 2:21-22), atos que não exigem grandes influências.

Mas eles também afirmam que o texto hebraico não lê “uma virgem está grávida”, mas, “Eis uma almah está grávida”. Para os judeus, Almah não denota uma virgem. A palavra para virgem é bethulah, enquanto almah é o termo para uma jovem donzela. Provavelmente, uma jovem donzela poderia muito bem ter tido relações sexuais e ser a mãe de uma criança.

Os cristãos podem facilmente responder a essa questão através de São Mateus e São Lucas, onde se aplicam a passagem de Isaías (7:14) a Maria, e a palavra almah é traduzida como “virgem”. Eles foram mais acreditados no mundo inteiro do que estes poucos judeus. Mesmo que um anjo desça do céu (Gálatas 1:8) para dizer que almah não significa virgem, não devemos acreditar. Como Deus, o Espírito Santo fala através de São Mateus e São Lucas; podemos ter a certeza de que Ele entende e fala perfeitamente as expressões em hebraico.

Mas devido aos judeus não aceitarem os evangelistas, devemos confrontá-los com outras provas. Em primeiro lugar, podemos dizer como consta acima, de que não há nenhuma maravilha ou sinal no fato de que uma jovem mulher concebe, caso contrário, teríamos todo o direito de zombar do profeta Isaías e dizer: “Você espera das mulheres conceberem se não as mais jovens? Você está bêbado? Ou é na sua experiência um evento raro para uma mulher jovem ter um filho?” Por esta razão que as tensas respostas muito buscadas pelos judeus são apenas uma desculpa vã e fraca para não ficarem em completo silêncio.

Em segundo lugar, a afirmação de que bethulah significa virgem e não almah, e Isaías usa almah, e não bethulah. Tudo isso é uma desculpa bem pobre. Os judeus agem como se não soubessem que em nenhuma parte de toda a Escritura, a palavra almah refere-se a uma mulher que teve relações (um fato perfeitamente consciente). Pelo contrário, em todos os casos, almah significa uma jovem donzela que nunca conheceu um homem carnal ou tiveram relações sexuais. Tal pessoa é sempre chamada uma virgem, assim como São Mateus e São Lucas que entenderam Isaías.

Agora, uma vez que eles são literalistas e gostam de discutir sobre a semântica, vamos admitir que bethulah não é a mesma palavra que almah. Mas o único ponto que eles estabeleceram é que esta jovem não é designada pelo termo “virgem”. No entanto, ela é designada por outro termo que significa também uma jovem que nunca teve relações sexuais; chame-a pelo termo que quiser mas, por favor, ela ainda é uma pessoa virgem. É infantil e vergonhoso em recorrer às palavras quando o significado é a mesma coisa.

Muito bem; para agradar os judeus, não vamos traduzir Isaías assim: “Eis que a virgem está grávida”, para que não confundam com a palavra “virgem”, mas sim: “Eis que uma moça está grávida.” Agora, em alemão, a palavra “solteira” denota uma mulher que ainda é jovem, carrega a coroa com honra, e usa o cabelo solto, de modo que se diz dela: Ela ainda é uma donzela, não uma esposa (embora “donzela” não é a mesma palavra como “virgem”). De modo semelhante também, o elem hebraico é um adolescente que ainda não tem uma mulher, e almah é uma donzela que ainda não tem um homem, não uma serva, mas uma donzela que ainda carrega uma coroa. Assim, a irmã de Moisés era chamada de almah em Êxodo 2:8, como é Rebeca em Gênesis 24:16,43 quando elas ainda eram virgens.

Suponha que eu diga em alemão, “Hans está noivo de uma moça”, e alguém deve comentar: “Bem, então ele não está noivo de uma virgem.” Por essa razão, todos ririam dele em vão devido a discussão sobre tais palavras, caso pensar que virgem e solteira não são a mesma coisa e sim palavras diferentes. Esta é a verdade em hebraico, quando os judeus argumentam com relação a passagem de Isaias 7:14 dizendo: “Isaías não disse bethulah, mas almah“. Sugiro que entre as suas próprias consciências, deixe-os dizer o que quiserem, bethulah ou almah. Isaías nos mostra uma donzela que é núbil, mas ainda usa sua coroa, que no alemão chamamos de donzela. Por isso, a mãe de Deus é chamada de pura donzela, isto é, almah puro.

E se eu dissesse para Isaías o que falar, eu diria exatamente o que está escrito, não bethulah, mas almah. Pois almah é mais adequada nesse contexto do que bethulah. E também é mais preciso dizer: “Eis que uma moça está grávida”, do que dizer “Uma virgem está grávida”. Porque “virgem” é um termo abrangente que também pode ser aplicado a uma mulher de cinquenta ou sessenta anos, que não é mais capaz de ter filhos. Mas “donzela” denota especificamente uma mulher jovem, em idade de se casar, capaz de ter filhos, mas ainda é virgem; que inclui não só a virgindade, mas também a juventude e o potencial de engravidar. Por isso que em alemão as jovens são chamadas de donzelas de uma maneira popular, e não virgens.

Portanto, o texto de Isaías 7:14 é mais precisamente traduzido: “Eis que uma moça está grávida”. Nenhum judeu que entende alemão e hebraico pode negar essa palavra hebraica para que nós, alemães, não digamos que a “mulher concebeu”; os pregadores têm assim prestados o latim para o alemão. Em vez disso, o alemão diria na sua língua materna que “a mulher está grávida”, ou, “é carregada com a criança”, ou, “está fértil”.

Mas no hebraico não diz: “Eis que uma virgem estará com a criança”, como se não estivesse grávida ainda. E sim diz: “Eis que uma moça está grávida”, como se ela já tivesse o fruto em seu ventre e, no entanto, ainda é uma donzela, a fim de que você terá que observar como o próprio profeta fica surpreso devido a donzela que está grávida antes mesmo de conhecer um homem carnal. Naturalmente ela terá um marido e está fisicamente apta e madura o suficiente para ele; mas mesmo assim, antes que ela chegue ao marido, ela já é uma mãe. É algo extremamente raro e maravilhoso.

Este é o modo que São Mateus (1:18) interpreta essa passagem quando diz: “Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo”; o que significa isso já que ela era uma jovem que ainda não tinha conhecido um homem, embora ela era capaz disso, mas antes de ela conhecer o homem já estava grávida, e que isso era algo surpreendente uma vez que nenhuma solteira esteve grávida antes das relações com um homem? Assim sendo, o evangelista a considerou na mesma luz como fez o profeta, e a colocou como um sinal e maravilha.

Agora, podemos refutar também a falsa interpretação de alguns sobre as palavras de Mateus onde diz: “Antes de se ajuntarem, achou-se grávida”. Eles interpretam isso como se o evangelista quisesse dizer: “Mais tarde, ela juntou-se com José como qualquer outra mulher e deitou-se com ele, mas antes disso, ela estava grávida antes de conhecê-lo.” Mais uma vez, quando ele diz: “E José não a conheceu até que deu à luz seu primeiro filho” (Mateus 1:25), eles interpretam como se o evangelista quisesse dizer que após Maria ter dado a luz o seu primeiro filho, José passou a conhecê-la. Essa era a visão de Helvidius que foi refutada por Jerome.

Tais interpretações carnais desvalorizam o sentido e a finalidade do evangelista. Como ja dissemos, o evangelista pretende definir diante dos nossos olhos como o profeta Isaías, esse poder maravilhoso que é um caso inédito de uma donzela grávida antes de conhecer o seu marido; e, ainda, que ele não a conheceu carnalmente até que ela tenha o primeiro filho, e que ela deveria conhecer seu marido após o primeiro filho. Entretanto, as palavras do evangelista não se referiram a qualquer coisa que ocorreu após o nascimento, mas apenas para o que aconteceu antes. O profeta, o evangelista e também São Paulo, não fizeram menção além da virgindade de Maria, isto é, após o nascimento. Depois que a criança nasce, eles descartam a mãe, não falando mais sobre ela, o que aconteceu com ela, mas citam apenas a sua descendência. Portanto, não se pode partir destas palavras de Mateus 1:18,25 para concluir que Maria, depois do nascimento de Cristo, tornou-se uma esposa comum; então não é algo para afirmar e nem para acreditar. Todas as palavras são meramente indicativas, do fato maravilhoso de que ela estava grávida e deu à luz antes que ela tenha estado com um homem.

A forma de expressão utilizada por Mateus é o idioma comum, como se eu fosse dizer, “Faraó não acreditava em Moisés, até que ele se afogou no Mar Vermelho”. Aqui não se segue que o Faraó acreditou mais tarde, depois que ele havia se afogado; pelo contrário, isso significa que ele nunca acreditou. Da mesma forma, quando Mateus 1:25 diz que José não conheceu Maria carnalmente até que ela desse à luz o seu filho, isso não quer dizer que ele passou a conhecê-la posteriormente; pelo contrário, isso significa que ele nunca a conheceu. Mais uma vez, o Faraó é dominado pelo Mar Vermelho antes de atravessá-lo. Aqui também não diz que o Faraó atravessou o Mar Vermelho atrasado, mas sim não conseguiu chegar para o outro lado. De modo semelhante, quando Mateus 1:18 diz: “Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo”, não quer dizer que Maria, posteriormente, deitou-se com José. Ela não se deitou com ele.

Em outros lugares da Escritura, é utilizado o mesmo modo de falar. Em Salmos 110:1 diz: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.” Aqui não significa que Cristo não continua mais na mão direita de Deus após os seus inimigos serem colocados sob seus pés. Mais uma vez em Gênesis 28:15 diz: “porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado”. Aqui, Deus não o deixou após o cumprimento do ocorrido. Mais uma vez em Isaías 42:4: “Não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça;” Há muito mais expressões similares, de modo que o murmúrio de Helvidius é sem justificação; Além disso, ele não tem notado e nem prestado atenção a qualquer parte da Escritura ou do idioma comum.

Com isso, é suficientemente provado que Maria era uma donzela pura, e que Cristo foi um verdadeiro judeu da descendência de Abraão. Embora mais passagens das Escrituras possam ser citadas, essas são as mais evidentes. Além disso, se há alguém que não crê nas palavras ditas de Sua Divina Majestade, é razoável supor que esse alguém não iria acreditar em quaisquer outras passagens mais escondidas. Então, certamente, ninguém pode duvidar da possibilidade de Deus fazer uma donzela engravidar sem a ajuda de um homem, já que Ele também criou todas as coisas a partir do nada. Portanto, os judeus não possuem um fundamento para negar isso, pois eles reconhecem a onipotência de Deus, e também possuem o testemunho claro do profeta Isaías.

Enquanto falamos sobre esses assuntos, também queremos não só responder os mentirosos fúteis que tanto tentam me difamar publicamente, mas também gostaríamos de fazer um serviço para os judeus sobre a chance de que podemos trazer alguns deles de volta à sua própria fé verdadeira, aquela fé deixada pelos seus pais. Para este fim, vamos lidar mais com eles e sugerir algum benefício daqueles que querem trabalhar com os judeus, utilizando métodos e algumas passagens da Escritura para lidar com eles. Muitos, até mesmo os sofistas, tentarem lidar com os judeus, mas na medida em que eles trabalharam do jeito deles, em nada aconteceu. Esses sofistas estavam tentando expulsar o diabo por meio do diabo, e não pelo dedo de Deus (Lucas 11:17-20).

Em primeiro lugar, a crença atual dos judeus em esperar a vinda do Messias é errônea. Isso pode ser provado pela passagem de Gênesis 49:10-12, onde o santo patriarca Jacó diz: “O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos. Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas. Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite.” Esta passagem é uma promessa divina, não é mentira e vai se cumprir, a menos que o céu e a terra forem os primeiros a passar. Então os judeus não podem negar que, durante mil e quinhentos anos, desde a queda de Jerusalém, eles não tiveram cetro, ou seja, não tiveram reino, nem rei. Portanto, o Shiloh ou Messias, deve ter vindo antes desse período de 1500 anos, e antes da destruição de Jerusalém.

Se eles tentarem dizer que o cetro também foi tirado de Judá na época do cativeiro babilônico, na era em que os judeus foram transportados para a Babilônia e permaneceram em cativeiro por setenta anos, e ainda sim o Messias não veio naquele momento, a resposta é que isto não é verdade. Durante todo o período do cativeiro na linhagem real do rei Jeconias, posteriormente, Zorobabel e outros príncipes, por sua vez, até Herodes tornou-se rei. Visto que o “cetro” significa não só um reino, mas também uma hegemonia, como os judeus são bem conscientes sobre isso. Além disso, eles sempre tiveram os profetas. Sendo assim, o reino ou a hegemonia nunca desapereceu, mesmo que, por um tempo, existia fora de seus limites territoriais. Além disso, durante o cativeiro, nunca os habitantes eram expulsos da terra, como aconteceu durante esses últimos mil e quinhentos anos, quando os judeus não tiveram reis e nem profetas.

Foi por esta razão que Deus providenciou os profetas Jeremias, Ezequiel, Ageu, Zacarias para proclamar a libertação dos judeus do cativeiro babilônico, para que eles não pensassem que a palavra de Jacó era falsa, ou que o Messias tinha chegado. Mas para estes últimos mil e quinhentos anos, eles não tiveram nenhum profeta para anunciar a sua libertação. Deus não teria permitido este estado de coisas continuando por um longo tempo, uma vez que Ele não permitiu aquela ocasião por um tempo tão curto. Desse modo, Ele dá uma ampla indicação de que a profecia de Genesis 49:10-12 foi cumprida.

Além disso, quando Jacó disse que o cetro durará até que o Messias vem, segue-se claramente que este cetro só não deve perecer, mas também deve tornar-se muito mais glorioso do que era anteriormente, antes da vinda do Messias. Todos os judeus sabem muito bem que o reino do Messias será o maior e o mais glorioso de todos os reinos da terra, como lemos nos Salmos 2, 72 e 89. A promessa também é feita para Davi de que o seu trono durará para sempre (Salmos 89:4,29,36,37). Agora, os judeus terão que admitir hoje que o cetro tornou-se inexistente durante mil e quinhentos anos, para não falar que o cetro tem se tornado mais glorioso.

Essa profecia pode, portanto, ser entendida para referir-se a Jesus Cristo, nosso Senhor, que é da tribo de Judá e da linhagem do rei Davi. Ele veio quando o cetro tinha caído nas mãos de Herodes, o estrangeiro; Ele foi rei nesses mil e quinhentos anos, e continuará rei por toda a eternidade. Porque o seu reino se espalhou para os confins da terra, como os profetas anunciaram (Salmos 2:8, 72:8-11); e as nações foram recolhidas para Ele, como Jacó disse em Gênesis 49:10. E não há rei maior na terra, cujo nome é tão exaltado entre as nações, do que Jesus Cristo.

É verdade que alguns judeus de fato sentem o quão persuasiva e conclusiva é essa passagem. É por isso que eles caçam todos os tipos de formas estranhas para alcançar o Messias. Mas, se você notar, eles estão iludidos. Por exemplo, eles dizem que, neste caso, Shiloh não significa o Messias ou Cristo, e que, portanto, essa passagem não é um peso para eles. Não importa se Ele é chamado de Messias ou Shiloh; não estamos preocupados com o nome, mas com a pessoa, com o fato de Ele se manifestar quando o cetro foi tirado de Judá. Tal pessoa não pode ser identificada senão a Jesus Cristo; caso contrário, a passagem é falsa. Ele será um mero sapateiro ou alfaiate, mas um senhor a quem as nações se reunirão; isto é, o seu reino será mais glorioso do que o cetro nunca foi antes, como já foi dito.

Igualmente fútil é um outro subterfúgio quando eles dizem: As nações que estão reunidas com ele podem muito bem ser apenas a nação judaica, e Shiloh significa um senhor. Seja como for; Não vou discutir sobre o que Shiloh significa, embora não me parece que essa palavra signifique um homem que é poderoso, bem-nascido e muito generoso. Daí, a pequena palavra salve, o qual significa copia (riquezas), felicitas (boa sorte), abundantia (prosperidade), uma ampla suficiência de todas as coisas boas, como diz nos Salmos 122:7: “abundantia Et in turribus suis” (“e prosperidade dentro dos teus palácios“), ou seja, tudo é completo, suficiente e próspero, de modo que em alemão eu chamaria de shiloh bem-estar.

Agora, se tal palavra significa senhor ou bem-estar, prosper [próspera], ou felix (sorte), de qualquer modo, não pode ser dito para representar um dos antigos reis, príncipes ou mestres. Em relação ao “cetro de Judá”, certamente todos compreendem que são aqueles da tribo de Judá, que foram reis ou príncipes com exceção deste Shiloh, que aqui é apontado preferencialmente como alguém especial que têm exercido o cetro de Judá, porque Jacó diz em Gênesis 49:10, o cetro de Judá durará até Shiloh. Que tipo de conversa teria que ter comigo para tentar fazer de Shiloh um deles, que têm mantido o cetro de Judá e as nações, quando a passagem aqui significa que Shiloh virá depois de todos esses outros como um rei maior e mais glorioso, e que ele não terá nenhum sucessor? Por que não teria dito de outra forma: “O cetro de Judá durará para sempre, e não esperem no Shiloh“?

Portanto, é o reino de Cristo que aqui é descrito de uma maneira magistral, ou seja, que antes dele, muitos devem empunhar o cetro de Judá, até que ele venha pessoalmente para levá-lo com suas próprias mãos para sempre, e que não haverá um sucessor, nem nunca haverá outro rei da tribo de Judá. Desse modo, fica claro que seu reino será um reino espiritual, seguindo sobre o reino temporal; para que nenhuma pessoa possa ter um reino eterno que é mortal e reina temporalmente. Portanto, o cetro de Judá, de fato, dura de Davi até Shiloh como algo temporal, tendo uma sucessão de reis mortais. Mas agora que Shiloh está prestes a chegar, o cetro permanece para sempre nas mãos de uma única pessoa; sem implicar na sucessão de reis.

A partir disso, é necessário que este Shiloh deve primeiro morrer, e depois subir novamente dentre os mortos. Visto que ele está por vir da tribo de Judá (Gênesis 49:10), e deve ser um verdadeiro homem, natural, mortal como todos os filhos de Judá. Por um outro lado, ele é um rei específico tendo que, acima de tudo, manter o cetro de Judá diante dele, e é o único a reinar para sempre. Ele não pode ser um homem mortal, mas um imortal. Portanto, ele deve adiar a morte desta vida mortal, e pela sua ressurreição assumir a vida imortal, a fim de que ele possa cumprir essa profecia e se tornar um Shiloh que recolherá todo o mundo. Ele deve ser um homem verdadeiramente vivo, um rei da tribo de Judá, e ainda imortal, eterno e invisível, um ser espiritual dominante na fé. Mas tal doce discurso ainda é muito confuso para os judeus.

Mas se os judeus disserem: Bem, mas este Jesus de vocês nunca foi o que Jacó disse sobre Shiloh, ou seja, “Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas” (Genesis 49:11), então responda: um tolo poderia crêr nisto para dizer que Shiloh será um rei tão rico que em seu dia, o vinho seria tão comum como a água usada para lavar roupas, etc. A partir do que foi mencionado, no entanto, temos observado que este Shiloh é uma única pessoa que reinará para sempre sem herdeiros. Todos os profetas disseram isso. Portanto, o seu reino não será temporal que consiste essencialmente em bens mortais e perecíveis.

E se isso não obriga na interpretação de que o vinho e a videira devem ser espirituais, então a própria forma e a natureza das palavras e linguagem devem obrigar essa interpretação. Qual tipo de louvor precisa para um reino tão glorioso acima de todos os reinos, a saber, que seu governante amarra seu jumentinho à vinha, e o filho do jumentinho na videira, e lava as roupas com vinho, e sua capa com o sangue de uvas? Não havia nenhuma possibilidade de Jacó procurar outro elogio do que aquele que tem a ver com a bebida? O rei não tinha uma outra coisa além do vinho? Mais uma vez, não há nada mais louvável em si, mas o fato de que seus olhos são mais vermelhos do que o vinho e os dentes brancos de leite? (Genesis 49:12). O que beneficia um reino cujo governante possui dentes brancos, olhos vermelhos e amarra um potro numa videira?

Assumindo por um momento que essas coisas são ditas em relação as riquezas supérfluas, então por que Jacó não disse mais coisas, como por exemplo: Ele vai lavar suas roupas no bálsamo e mirra? Seria bem mais luxuoso. Quem nunca gostaria de lavar suas roupas no vinho? Mais uma vez, por que não dizer: Ele pastoreará seus cavalos no trigo? Quem nunca ouviu falar de alguém querendo amarrar o seu jumento a uma videira? Qual o objetivo de um jumento na vinha e as roupas no vinho? Todas essas coisas são pura bobagem. Vinhos, ruínas, roupas e jumentos são melhores estando longe com cardos do que com uma videira. Uma videira seria mais adequada para um carneiro; pois ele poderia comer as folhas. Essa conversa é aparentemente ridícula, mas obriga de uma maneira forçada a uma interpretação espiritual.

Então, também, por que ele é elogiado por seus olhos vermelhos e dentes brancos? Não há nenhuma outra parte mais belo que os olhos vermelhos e dentes brancos? Que tipo de louvor é esse para um rei tão grande e glorioso? Nós geralmente elogiamos grandes reis pelo seu físico forte e esplêndido, e acima de tudo pelo seu espírito, sabedoria, benevolência, coragem, poder, virtude e atos gloriosos. Mas, nesse caso, apenas os olhos e dentes são elogiados; isso soa mais como uma cantada para uma mulher do que para um homem que está longe de ser um rei.

Não pode haver dúvida de que com estas palavras o Espírito, por meio de Moisés, nos retratou essa pessoa estabelecendo um reino espiritual que está prestes a ser governado. Entretanto, não estamos no momento para discustir esta questão. Temos o suficiente para tratar vigorosamente a presente afirmação contra os judeus de que o verdadeiro Shiloh ou Cristo veio há muito tempo, porque há muito tempo eles foram despojados do reino e de sua hegemonia, e os profetas também. Aqui o claro texto se mantém firme declarando que o cetro deverá permanecer com a tribo de judá até o verdadeiro rei vir e manter seu domínio.

Assim, o reino do nosso Senhor Jesus Cristo se encaixa perfeitamente com essa profecia. Porque havia uma hegemonia entre os judeus até que Ele veio. Após a sua chegada, tal hegemonia foi destruída dando início ao seu reino, o reino eterno em que Ele reina e reinará para sempre. Que ele era da tribo de Judá, isto é inquestionável. Porque no que diz respeito a sua pessoa era para ser um rei eterno, que não podia ser governador em um sentido temporal e secular, pois o que é temporal passará. Por um outro lado, pela razão de ele ser a semente natural de Davi, não poderia ser de outra forma um homem mortal, natural, temporal e perecível.

Agora, para ser temporal e reinar eternamente, tornam-se dois conceitos mutuamente contraditórios. Portanto, tinha que ser revelado que ele morreu temporalmente e partiu desta vida, e em seguida ressuscitou dos mortos e tornou-se vivo, a fim de que ele possa tornar-se um rei eterno. Ele precisa estar vivo para reinar, porque ninguém pode reinar estando morto; e ele precisou morrer para mudar a vida mortal para, necessariamente, cumprir a Escritura que era a promessa de que ele seria natural de Davi e Abraão.

Então ele vive e reina, e ocupa o cargo exaltado de amarrar seu jumentinho à vinha e de lavar as suas vestes no vinho tinto; isto é, ele governa as nossas consciências com o santo Evangelho, que é uma pregação mais agradável de benevolência de Deus, o perdão dos pecados, e redenção da morte e do inferno. Pelo qual, acredito, todos serão confortados de coração, alegres e, por assim dizer, afogados em Deus com o conforto esmagador de sua misericórdia. Os judeus, no entanto, não ouvirá esta interpretação até primeiramente aceitar e reconhecer o fato de que Cristo veio de acordo com esta profecia. Então, deixemos esse assunto até um próximo caso.

Com base no testemunho desta passagem de Genesis 49:10-12, outro argumento sensato foi também provado, ou seja, que este Shiloh veio no momento em que o nosso Senhor Jesus Cristo também veio, e que ele não pode ser outro, mas o mesmo Jesus. A profecia diz que as nações estarão reunidas ou estarão sujeitas a este Shiloh. Agora pergunto para os judeus: Quando foi que alguma vez um homem de ascendência judaica, a quem tantas nações estavam sujeitas, como esse Jesus Cristo? Davi foi um grande rei e, em seguida, Salomão; mas o seu reino jamais foi estendido para além de uma pequena porção de terra da Síria. Este Jesus, pelo contrário, é aceito como Senhor e rei de todo o mundo, de modo que pode-se considerar cumprida o Salmos 2:8, onde Deus diz para o Messias, “eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão.” Este fato tinha que se tornar uma realidade na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, desde o momento em que o cetro foi tirado dos judeus; isso é bastante evidente, pois nunca aconteceu tal caso com qualquer outro judeu. Porque Shiloh estava para vir quando o cetro foi destruído, e desde então nenhum outro cumpriu estas profecias. Este Jesus certamente é o verdadeiro Shiloh quem Jacó registrou.

Os judeus terão que admitir ainda, de que os gentios nunca se renderam de bom grado a um judeu como seu senhor e rei, como a este Jesus. Pois, embora José foi um grande homem no Egito, ele não era senhor e nem rei (Genesis 41:40). E mesmo se ele tivesse sido senhor ou rei, o Egito foi uma coisa pequena se comparar com o reino que todo o mundo atribui a este Jesus.

Novamente, nem na Babilônia, nem na Pérsia, Daniel (Daniel 5:29; 6:1-3) ou Mordecai (Ester 10:3) foram reis, embora eles eram homem de poder no governo.

É surpreendente de como os judeus não são movidos para acreditar nesse Jesus, a sua própria carne e sangue, de quem as profecias das Escrituras são realmente justas e poderosas fazendo com que os gentios se agarrem a elas, e milhares derramaram seu sangue por causa dele. Eles sabem muito bem de como os gentios sempre demonstraram tamanha hostilidade para com os judeus do que para qualquer outra nação, e não estavam dispostos a tolerar seus domínios, leis ou governo. Como é então que os gentios acabam que se invertendo com uma boa vontade e, firmemente, se entregam a este judeu? E com o coração e alma confessam que ele é rei dos reis e Senhor dos senhores? Não é este o verdadeiro Messias a quem Deus, por um grande milagre, fez com que os gentios tornassem amigáveis e submissos em conformidade com estas e muitas outras profecias?

A segunda passagem está em Daniel 9:24-27, onde o anjo Gabriel fala a Daniel em termos mais claros a respeito de Cristo, dizendo: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar as transgressões, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até o Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.

Deus nos ajude! Essa passagem tem sido tratada de uma forma variada pelos judeus e pelos cristãos, e que não se pode ter uma certeza absoluta da representação desta passagem! Muito bem, pelo menos podemos extrair dela de que o verdadeiro Messias veio mais de mil e quinhentos anos atrás, assim como nós consideramos o nosso Senhor Jesus Cristo como o Messias. Nós vamos adiar o cálculo e a exegese até o fim, e simplesmente dizer pela primeira vez: nem judeu, nem ninguém pode negar que o anjo Gabriel estava falando da reconstrução de Jerusalém após o cativeiro babilônico; isso ocorreu sob Neemias.

Em segundo lugar, Gabriel pode certamente estar se referindo apenas a essa destruição de Jerusalém que levou, posteriormente, ao domínio do imperador romano Tito sobre o trigésimo ano após a ascensão de nosso Senhor. Após a reconstrução de Jerusalém (por Neemias), não havia nenhuma outra destruição da cidade, embora tenha sido capturada na época dos Macabeus. A partir disso, podemos tirar uma conclusão segura e incontestável de que o Messias de quem Gabriel falava deve ter vindo antes da destruição (por Tito). Eu acho isso quase certo e suficientemente claro.

A verdade é que os judeus começaram a sentir a pressão dessa poderosa avalanche de provas há muito tempo, e precisam ansiosamente defender as suas posições com toda a sorte de interpretações absurdas. Eles fazem deste Messias algo diferente do verdadeiro Messias como, por exemplo, o rei Ciro da Pérsia de quem Isaías (cap. 45) chama de Messias, e que foi morto pela rainha cita Tomyris. Este e outros esforços são desculpas inúteis, evasões caprichosas e injustificáveis, podendo ser rapidamente eliminados da seguinte forma:

Essas semanas (diz Gabriel) serão estendidas durante o tempo de um tal Messias e, quando essas semanas se passarem, o pecado e a iniqüidade estarão terminados, o perdão e a eterna justiça persuadirão, as visões e profecias estarão cumpridas. Agora pergunto aos judeus e a todos os outros: Será que essas coisas aconteceram nos dias de Ciro? No tempo de Ciro e depois dele, nenhuma justiça especial surgiu sobre a terra além do que ja existia antes sob os outros reis. Além disso, nos dias de Davi e Salomão, o nível de justiça era muito maior do que na época de Ciro, mas a Escritura não aponta tal justiça como eterna. A justiça falada por Gabriel será muito superior ao que prevalecia no tempo de Davi, o mais santo rei, e mais superior ainda do que a tal justiça como o pagão Cyrus tinha em seu tempo.

E mais, quando Gabriel diz que a cidade de Jerusalém será reconstruída em sete semanas, e que mais tarde o Messias será cortado após sessenta e duas semanas, como pode se aplicar ao rei Ciro que foi morto antes das sete semanas começarem, ou – se o seu cálculo estiver correto – pelo menos diante da reconstrução de Jerusalém? Como pode o Messias ser alguém que foi morto antes da reconstrução de Jerusalém, e depois foi cortado sessenta e duas semanas mais tarde, após a reconstrução de Jerusalém?

Então, já que temos essa prova, a defesa deles torna-se falaciosa, e a passagem não pode ser interpretada em termos de Cyrus. Visto que a Escritura não designa ninguém como Messias depois de Ciro, exceto apenas um, e desde tão grandes e elevadas qualidades não podem ser atribuídas a qualquer rei temporal, podems concluir – e, assim, poderosamente superar os erros dos judeus – que o verdadeiro Messias veio após a reconstrução de Jerusalém (por Neemias) e antes de sua destruição (por Tito). Porque nenhum Messias foi morto antes da destruição de Jerusalém, exceto nosso Senhor Jesus Cristo, a quem chamamos de Messias, isto é, Cristo ou Ungido. Por esta razão, vamos agora examinar o texto, e ver como exatamente ele é de acordo com o nosso Senhor Jesus Cristo.

Devo dirigir minhas palavras para aqueles que estão familiarizados com as histórias dos reinos; aqueles que não estão familiarizados com eles, provavelmente, não me entenderão. O método mais seguro nessa exegese é de voltar atrás, isto é, a partir do momento em que Jesus foi batizado e começou a pregar. Gabriel estava se referindo a este momento quando diz: “até ao Messias, o Príncipe” (Daniel 9:25), como se ele dissesse: eu falo de questões antes do nascimento de Cristo, mas à hegemonia de Cristo, quando começou a reinar para ensinar, instruir, é para representar a si mesmo como um soberano para ser seguido. Esta é a posição tomada especialmente pelos evangelistas Marcos (1:1-15) e Pedro em Atos (1:22). Eles começaram o evangelismo após o batismo de Cristo por João, como está escrito em Lucas 3:21-23. Foi após o batismo quando o seu trabalho realmente começou. E Cristo tinha cerca de trinta anos de idade.

Agora entre aqueles que estão bem versados nas Escrituras, não há dúvidas de que Gabriel estava falando não de semanas normais de sete dias, mas de anos de semanas, em que sete anos compõem uma semana. A Escritura geralmente emprega tal terminologia. Portanto, as setenta semanas (Daniel 9:24) equivale num total de quatrocentos e noventa anos.

Se agora nós contarmos a partir do trigésimo ano de Cristo (Lucas 3:23), no sentido contrário através dos reinos gregos e persas que daria quatrocentos e noventa anos, chegamos exatamente no vigésimo e último ano de Cambises (Neemias 2:1), o terceiro ou o segundo rei da Pérsia depois de Ciro, aquele que permitiu a construção do templo em Jerusalém (II Crônicas 36:22,23 e Esdras 1:1-3). No entanto, quarenta e seis anos depois, Cambyses e depois dele, Darius Longimanus (que já havia feito a promessa em I Esdras 4:43), permitiu a construção da cidade de Jerusalém, que foi feito sob Neemias. Tudo isso estava previsto nos livros de Neemias e Esdras. Assim sendo, se tomarmos as setenta semanas começando com a saída de Neemias da Pérsia (Neemias 2:1-11), isto é, sobre o sétimo ano de Darius Longimanus, corresponde exatamente o nosso Cristo.

Agora Gabriel diz (Daniel 9:24): “Setenta semanas (isto é, quatrocentos e noventa anos) estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade.” Isto é, como se estivéssemos dizendo: A nação dos judeus e tua santa cidade de Jerusalém possui ainda quatrocentos e noventa anos pela frente; em seguida, ambos chegarão ao seu fim. Conforme o que realmente deve acontecer, ele disse que a transgressão acabará e o perdão será selado, a iniqüidade expiará e a justiça eterna permanecerá, as visões e profecias estarão cumpridas, isto é, que o perdão será alcançado para todos os pecados, a remissão dos pecados será proclamado, a justiça da fé pregada, aquela justiça que é eternamente válida diante de Deus. Tais palavras são palavras que todos os profetas de toda a Escritura testemunharam, como Paulo em Romanos 1:17 e Pedro em Atos 2:38-39. Pois antes não houve nada além do pecado e da justiça trabalhada de uma forma temporal e inválida aos olhos de Deus. Eu sei que alguns invarialmente interpretam a pequena palavra hebraica “Hathuth” aqui como “pecados”; Tomei-o para dizer “perdão” – como Moisés, por vezes fez, e como ele foi usado nos Salmos 51:7 com razão.

Em seguida, ele nos mostra quando o período de setenta semanas começa dizendo (Daniel 9:25): “Desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém (isto é, na época de Neemias, no vigésimo ano de Cambises), até ao Messias, o Príncipe (ou seja, até o batismo de Cristo no Jordão), haverá sete semanas (ou seja, quarenta e nove anos durante os quais Jerusalém foi reconstruída em um momento conturbado, como Neemias 2-6 ensina), e sessenta e duas semanas (isto é, quatrocentos e onze anos após a reconstrução de Jerusalém). Dá um total de sessenta e nove semanas, que é quatrocentos e oitenta e três anos. Mas ainda faltam sete semanas, isto é, sete anos para completar as setenta semanas, ou quatrocentos e noventa anos. Em seguida, ele mostra o que acontecerá na mesma semana dizendo (Daniel 9:26):

E depois das setenta e duas semanas (note que é após as primeiras sete semanas de reconstrução conturbado) será cortado o Messias (isso não aconteceu no início da semana passada, mas bem no meio dela através de Cristo que pregou por três anos e meio, e Gabriel usa o termo “cortado”, isto é, levado desta vida para a vida imortal através da morte e ressurreição), mas não para si mesmo (ou seja, aqueles que o crucificaram e o levaram deste mundo não mais pertence a ele e seu povo, mas ele tomará para si as outras pessoas). Gabriel nos explica de como eles não ficarão impunes dizendo (Daniel 9:26):

E o povo do príncipe, que há de vir (isto é, Tito, imperador romano), destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será como uma inundação (ou seja, será destruído com força e fúria, assim como por uma inundação); e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.” (Tudo isso aconteceu apenas dessa forma. Jerusalém e o seu templo foram destruídos com uma gravidade assustadora, e desta vez nunca chegará nas mãos dos judeus ou será restaurado para a antiga posição de poder, apesar dos sérios esforços feitos nesse sentido. A cidade hoje em dia ainda está em ruínas, de modo que ninguém possa negar que esta profecia e da situação real diante dos nossos olhos coincidem perfeitamente).

E ele firmará aliança com muitos por uma semana” (Daniel 9:27). (Este é o período de três anos e meio durante os quais o próprio Cristo pregou, e mais os sucessivos três anos e meio das atividades apostólicas). Durante esses sete anos, o evangelho que é a aliança de Deus por nós que, por meio de Cristo, será misericordioso para conosco, recebeu seu maior impulso. Desde aquela época, nunca foi tão puro e poderoso para que logo em seguida vir a heresia e o erro para ser misturado com a sã doutrina. “E na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação” (Daniel 9:27) (isto é, a lei de Moisés não mais prevalece), porque Cristo, depois de pregar por três anos e meio, cumpriu todas as coisas através do seu sofrimento e, posteriormente, forneceu um novo sacrifício em sua pregação.

Agora vou deixar alguém me dizer: Onde se encontra um príncipe, ou Messias, ou o rei, com quem tudo isso se encaixa com tanta perfeição, como com o nosso Senhor Jesus Cristo? A Escritura e a história se concordam tão perfeitamente uns com o outro, e os judeus em nada têm a dizer para provar o contrário. Eles certamente sofrem com a sua destruição, que é infinitamente maior do que ja foi suportado. Eles não podem apontar para qualquer transgressão maior que teria merecido tal punição (porque sentem que não é um pecado que crucificaram Jesus, e que eles cometeram pecados maiores antes disso, mas sofreram um castigo menor). Seria impensável que Deus iria deixá-los tanto tempo sem profetas, a menos que toda a Escritura tenha sido cumprida.

Mas ainda existem mais profecias como, por exemplo, em Ageu 2:9 onde Deus diz a respeito do templo reconstruído, “A glória desta última casa será maior do que a da primeira” que também é muito conclusiva; e Zacarias 8:23: “Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco.” Há muito mais coisas, mas levaria muito tempo para discutir todas elas de uma forma clara. Em relação as duas profecias aqui citadas já são o suficiente para um bom começo.

Se os judeus se ofendem porque confessamos o nosso Senhor Jesus Cristo como o Deus verdadeiro, então vamos lidar vigorosamente usando as Escrituras de tempo em tempo. Mas torna-se bem pesado para um bom começo. Deixem-nos primeiro serem amamentados com leite, para que comecem a reconhecer este homem Jesus como o verdadeiro Messias; Depois disso, eles podem beber do vinho para aprender que Jesus é o verdadeiro Deus. Pois eles estavam desviados por muito tempo e, também, por muito tempo ficaram distantes que é preciso lidar cuidadosamente com eles, como pessoas que foram fortemente doutrinadas para acreditar que Deus não foi encarnado na pessoa de Jesus Cristo.

Portanto, gostaria de rogar e aconselhar delicadamente com esses judeus, e instruí-los a partir da Escritura; para que possamos alcança-los. Em vez disso, estamos forçando-os, caluniando-os e os acusando de ter o sangue de Cristo, sendo que eles não fedem, e outras tolices que andam dizendo que eu não sei. Como podemos realizar um bom trabalho entre eles enquanto os tratamos como cães? Mais uma vez quando os proibimos de trabalhar, de fazer negócios e de estar acompanhado conosco, forçando-os em usura, como podemos ser assim?

Se realmente quiséssemos ajudá-los, devemos guiar nossas relações com eles não por lei papal, mas pela lei do amor cristão. Devemos recebê-los cordialmente, e aceitá-los a negociar e trabalhar conosco, para que tenham a oportunidade de ouvir nosso ensino cristão, e testemunhar a nossa vida cristã. Se alguns deles estiverem com um coração duro, e daí? Afinal, nós mesmos não somos bons cristãos também.

Encerro por aqui este assunto. Deus nos conceda toda a sua misericórdia. Amém.


SOBRE OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS
(Martinho Lutero, 1543)
Fonte: Arquivo em PDF que encontrei nos meus CDs antigos. Não lembro qual site que baixei ou quem compartilhou.
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Notas dos Editores
Com esta publicação, o leitor brasileiro tem o privilégio de travar conhecimento – pela primeira vez em língua portuguesa -, com esta polêmica obra do Reformador da Igreja, MARTIN LUTHER, ou Lutero, datada de 1543.

Este livreto – conforme definição do próprio Luther – apesar de esporadicamente citado, nunca esteve ao alcance dos brasileiros. Trata-se de uma obra “abafada”, a exemplo de importantíssimas edições e reedições trazidas a luz pela REVISÃO, em nosso país, e que forças do obscurantismo, sob absurdas alegações, procuram manter escondidas nos mais profundos escaninhos da História.

A presente edição de um escrito com mais de 450 anos, com termos e expressões não usuais na língua alemã de hoje, foi traduzida ao linguajar atual, sem perder a fidelidade do original – em alemão arcaico com letras góticas – disponível na livraria da Universidade de Harvard, EUA, sob número catalográfico 1282.59.105.

A publicação desta obra se destina a estudo e á pesquisa de uma época. Certos de estarmos contribuindo para a ampliação do conhecimento sobre a História, passamos a palavra para o grande Reformador.

Porto Alegre, Novembro de 1993.

Apresentação
A QUESTÃO JUDAICA! – fantasmagórica qual Ahasveros[1], há milênios ronda os destinos da humanidade como terrível incógnita! O que há com este povo que outrora rejeitou a graça divina, rejeitou o Messias, perseguindo-o até os nossos dias com ódio implacável, que pregou na cruz e aos brados raivosos proclamou “que seu sangue venha sobre nós e nossos filhos”! Que papel lhe foi dado no seio dos povos onde vive, por toda a terra? Será o fermento da decomposição, que tudo destrói o “espírito que sempre nega”? Já se viu em Mefisto o símbolo de Judá, mas onde está a “força que sempre cria o bem”? Tudo perguntas sem respostas. Grandes mentes se ocuparam deste tema, imperadores romanos, notáveis guerreiros sábios, sábios conquistadores: Napoleão, Schiller, Goethe, filósofos e poetas eminentes, mas o enigma continua.

Todos concordam, no entanto, em ver no judeu um perigo universal. Martin Luther, o grande Reformador alemão, merece especial destaque entre os que se ocuparam da questão judaica. Espírito vigoroso, Lutero a princípio se empenhou na conversão dos judeus. Mais tarde, porém, experiências pessoais o convenceram do contrário, reconhecendo o grande perigo que Judá representava para o povo alemão, e isto já há mais de quatrocentos anos! – chamando a atenção a este fato através da palavra e em escritos. Lutero desconhecia a questão racial, se bem que chegou a mencionar e alertar sobre a mistura de sangue, ressaltando essencialmente o aspecto religioso da questão; mas também sobre o aspecto religioso da questão o perigo lhe parecia imenso para o seu povo, tanto que nas suas últimas predicas fazia advertências denunciando este perigo, como antes, nos anos de 1542/3 em seus dois escritos “Dos Judeus e Suas Mentiras” e “Schem Hamphoras e da linhagem de Cristo”, ambos praticamente desconhecidos em nossos círculos religiosos. Afirmam alguns que os citados escritos devem ser lidos com reserva, pois Lutero já estava na fase final da sua vida. Testemunhas pessoais, no entanto, afirmam que Lutero se manteve com espírito lúcido até os últimos dias. O fato é que ambos os escritos desapareceram do mercado. A humanidade tem o direito de saber como Lutero encarava a questão judaica.

Os excertos que publicamos são fiéis ao texto original. A publicação original completo fugiria ao caráter popular por conter considerações de ordem teológicas e exegéticas de difícil compreensão, além da linguagem cáustica, própria do Reformador – o que pretendemos evitar. Se mesmo assim o leitor ficar chocado com um ou outro termo, ele deve lembrar-se que a linguagem há mais de quatrocentos anos atrás era naturalmente mais rude, popular, direta sem as preocupações sofisticadas da linguagem social dos nossos dias. Para que o leitor entenda que tivemos que adaptar um pouco o texto original à linguagem dos nossos dias, deixamos o título, a introdução e a parte final em seu texto original, para que o leitor tenha uma idéia da linguagem da época. Das interpretações e conceitos de Lutero pode cada um pensar o que quiser, mas pelo exemplo de sua vida e através dos seus escritos mostrou seu grande amor ao seu povo, o povo alemão.

No segundo livreto (diz Lutero “Buechlein”, ou seja, livrinho), Lutero trata do curioso tema “Schem Hamphoras“, ou Telegrama – as letras IHWH – telegrama ao qual os rabinos e não rabinos davam poderes mágicos, e, segundo a lenda, usado até por Cristo para realizar seus milagres.

Que o leitor aprecie ao máximo o vigor da linguagem de Lutero.
Hans Ludolf Parisius, 1936

MARTINHO LUTERO. Doutor
Havia-me proposto de não mais escrever sobre ou contra os judeus, mas como soube que estes infelizes não param com as tentativas de aliciar a nós, cristãos, para o seu campo resolvi fazer publicar esse pequeno livro para figurar como testemunho entre aqueles que resistiram e alertaram os cristãos contra esse venenoso propósito dos judeus jamais imaginei que um Cristão pudesse deixar-se enganar ao ponto de praticar o que os Judeus praticam mas o demônio é o senhor do mundo que faz o que quer lá onde não está a palavra de Deus não só com os fracos mas também com os fortes que Deus nos ajude. Amém

Graça e paz no Senhor!

Caro senhor e amigo!

Recebi um escrito, falando de uma conversa entre um judeu e um cristão, sendo que o judeu atreveu-se a interpretar diferentemente os versos das Escrituras da nossa fé (em Cristo e sua mãe Maria), querendo com isto derrubar a nossa crença. Pois darei a ele, e a todos, a minha resposta. Não é minha intenção brigar com os judeus nem aprender com eles como devem ser interpretadas as Escrituras. Já sei a verdade. Muito menos quero converter os judeus, coisa impossível e inútil. Eles sempre nos causaram contrariedades. Tornaram-se duros e insensíveis aos castigos, nem querem livrar-se da maldição de não terem chegado a Deus após 14 séculos, suplicando em vão! Castigos corporais seriam inúteis, tanto quanto nossos discursos ou ponderações.

Por isso o cristão deve manter-se calmo e não brigar com os judeus, mas quando falar com um deles, dizer somente assim: “tu não sabes, judeu, que Jerusalém, vosso reinado, vosso templo e vossos sacerdotes foram destruídos há mais de 1460 anos? A contar deste ano de 1543, fazem precisamente 1469, quase 1500 anos, portanto, que Vespasiano e Tito destruíram Jerusalém, expulsando vocês judeus”. Dêem a eles este ossinho para roer. Essa imensa ira de Deus mostra claramente que eles erram e são injustos. Qualquer criança vê isto. Deus não podia ser tão severo a ponto de castigar seu povo tão duramente sem dar sequer um sinal de advertência, uma palavra de consolo, ou predizer o fim do castigo! Quem teria esperanças num Deus assim, quem o amaria? D’onde se pode concluir que os judeus foram abandonados por Deus, não sendo mais o seu povo, nem Ele seu Deus.

Vejamos Oséias 1:9 – “Vós não sois meu povo, como não sou vosso deus”. Sim, infelizmente eles estão sofrendo e podem questionar como quiserem – a verdade é esta. Se tiverem um mínimo de discernimento e juízo, deveriam pensar assim: ‘Meu Senhor, algo está errado conosco, a miséria é grande, duradoura, severa demais; Deus nos esqueceu.’ Eu mesmo não sou judeu, mas sinceramente não gosto de pensar sobre a ira de Deus contra eles, pensamento que me assusta e arrepia. Que fará a eterna ira de Deus contra os falsos cristãos e ateus no inferno? Pois bem, os judeus podem pensar de Jesus o que quiserem, mas será como diz Lucas em 21:22, 23: “Quando virem Jerusalém sitiada por um exército, saibam que é vindo o tempo da destruição, pois serão os dias da vingança, haverá grande miséria e ira sobre este povo.”

Em suma, não discuta muito com os judeus sobre artigos da nossa Fé. Eles foram criados e ducados no ódio contra nosso Deus e não há outra esperança de eles, algum dia, aceitar Cristo como o Messias, senão pelo cansaço do sofrimento e do desespero. Por ora é cedo discutir com eles, além de inútil. Para fortalecer nossa Fé, vamos tratar agora da maneira como os judeus, na sua crença, cometem tolices, cheias de veneno, na interpretação das Escrituras. Se um único judeu for com isso beneficiado, tanto melhor. Porém não vamos falar com os judeus, mas dos judeus e seus procedimentos, para que os alemães os conheçam.

Eles tem um grande motivo para vangloriar-se desmesuradamente! Afinal são os “bem-nascidos” deste mundo! Nascidos de Abraão, Sara, Isaac, Rebeca, Jacó e mais… Nós (Goiym) pagãos, aos seus olhos, não somos gente, apenas nobres vermes, indignos de ser por eles considerados não somos da sua extirpe de sangue nobre, do seu povo, de sua descendência!… Na minha concepção, são estes seus principais argumentos. E Deus tem que aturar este orgulho injurioso nas escolas, nos seus hinos, nos seus ensinamentos sem fim: tem que ouvir suas ladainhas cheias de auto-elogios e veneração pelo “seu” Deus que, agradecidamente, os separou dos pagãos e os fez nascer de santos ancestrais e seu povo eleito. Um hino de louvor sem fim.

Para completar essas ladainhas idiotas e insensatas, louvam e agradecem a deus por tê-los feito gente e não animais, que pertencem a Israel e não aos pagãos (Goiym), que os fez másculos e não efeminados. No entanto, tamanhas bobagens não provem de Israel, mas sim dos goiym. Contam antigas lendas que o grego Platão glorificava os céus diariamente, agradecendo aos deuses que o fizerem gente e não animal, que o fizeram homem e não mulher, grego e não estrangeiro e bárbaro. Esta é a forma de um blasfemo agradecer! Assim como os Walen (povo de Veneza, que sabiam achar metais nobres com um espelho mágico, seg. a lenda), convencidos de que só eles eram gente, sendo os outros subumanos, quando não patos ou ratos. Na verdade não se pode negar aos judeus sua estirpe de tribo de Israel. Pelo seu orgulho, diz no Velho Testamento que foram castigados em muitas batalhas e guerras perdidas (o que nenhum judeu consegue entender). Todos os profetas os castigaram por esse atrevimento, resultando em mortes e perseguição.

Nosso Senhor também os chama de “ninhada de víboras‘, João 8:39: “Se forem filhos de Abraão, façam a obra de Abraão. Vós sois filhos do diabo, ele é vosso pai”. Ser filhos do diabo e não de Abraão? Desta não gostaram, e não gostam até hoje. Mudar tudo, entregar tudo, deixar da nossa maneira de ser? (Seguem-se provas extraídas das Escrituras refutando e rejeitando a auto-glorificação e pretensão descabidas, terminando Lutero com as palavras:) isto disse para reforçar nossa fé; os judeus jamais deixarão deste orgulho e da glória de sua extirpe nobre. São obstinados. Os cristãos devem precaver-se para que não sejam seduzidos por este povo maldito e obstinado, que despreza todo mundo. Eles gostariam de atrair-nos para sua crença, e o fazem sempre que possível. E mesmo que Deus lhes conceda misericórdia e graça, terão que abandonar antes suas orações blasfemas, tirá-las das escolas, dos seus corações e suas bocas, pois tais orações provocam a ira de Deus. Mas eles não farão! Humilhar-se a esse ponto?…

Outro fato que os judeus apontam e apregoam para demonstrar sua superioridade, é a circuncisão, instituída por Abraão.

Valha-me Deus do sofrimento dos pagãos nas suas escolas! Como devemos feder para seus narizes por não sermos circuncidados! (seguem-se considerações de ordem teológica, terminando com Salmo 5, continuando Lutero). Este Salmo diz respeito a todos, principalmente aos judeus, para quem foi feito, como toda Escritura, que os descreve e caracteriza bem. Pois foram eles que praticaram atos pagãos, blasfêmia e falsos ensinamentos, como o próprio Moisés e todos os profetas lamentam. Queriam com isto agradar a Deus, mas só praticam erros e assassinaram profetas. É um povo malígno, obcecado, e, como dizem os escritos, não abdicaram do mal nem através dos ensinamentos ou doutrinas dos profetas. Mesmo assim querem ser servos de Deus, e se afirmam perante Ele. São palermas orgulhosos que até hoje só sabem vangloriar-se do sangue de sua tribo, desprezando e amaldiçoando todos os outros, nas escolas nas suas orações e seus ensinamentos. Mesmo assim se dizem os filhos prediletos de Deus. São eles grandes mentirosos, cachorros raivosos que desvirtuaram e falsificaram as Escrituras com suas calúnias e inverdades. Seu grande sonho é de um dia poder tratar de nós como outrora trataram os pagãos na Pérsia, no tempo de Ester. Ah, como gostam do livro de Ester! Tão ao gosto de seus instintos sanguinários, vingativos, sua ânsia assassina! Nunca o sol iluminou um povo tão sanguinário e vingativo, e ainda se julga o povo eleito de Deus! Julga-se não só no direito, mas no dever de eliminar os pagãos, exterminar pela espada todos os não judeus – tudo na expectativa do seu messias! Processo esse que eles demonstraram desde o começo e continuam usando, apesar de terem sido castigados tantas vezes por isso. (Luteor cita aqui motivos fictícios usados pelos judeus para justificar duvidosas vantagens que teriam perante os outros povos, como a circuncisão, base da legislação e da justiça judaica. Com citações bíblicas fala das injustiças, descrenças e ignominias praticadas pelos judeus, comparando-os ao próprio Satanás). Como seria melhor para eles se nem tivessem a lei de Deus, ou simplesmente a desconhecessem, ficando livres da condenação. Mas são condenados porque a conhecem e a contrariam constantemente. Da mesma forma se dizem povo de Deus as prostitutas, assassinos e ladrões e todas as pessoas más, pois conhecem a lei de Deus, sabem que lhe devem obediência e amor, mas o contrariam assassinando e praticando adultério. Deixe que se vangloriem como os judeus, de ser o povo de Deus. Digo como os judeus que, vangloriando-se de ser o povo eleito de um Deus que os santificou, por outro lado desafiam suas leis, praticam o orgulho, enchem-se de inveja, aplicam a usura, são sovinas e cheios de maldade, mas nas suas orações, querem mostrar-se devotos e santos. Pois são tão cegos que não só praticam a usura, como a ensinam como um direito concedido por Moisés. Na verdade, porém, a usam para mentir a Deus, como em tudo. Mas não é aqui o momento de falar sobre isso. (Goethe, em “Feira Anual de Plunderswellen” diz: “Eles praticam uma crença que lhes permitem roubar aos outros“).

Se os Dez Mandamentos não são cumpridos, que dizer das outras leis? Serão mera bufonaria, escárnio, fazer Deus de bobo. Um palhaço vestido de Papa, Bispo o pregador, fazendo a vez do demônio, blasfemando, tratando os Mandamentos e as Escrituras a pontapés. Que bela roupagem para um santo! Ou uma bela jovem, com todos os modos de virtuosa virgem, a esconder, na verdade, pecaminoso ventre de prostituta, desafiando os Dez Mandamentos e querendo iludir-nos com aparente santidade! Nós condenaríamos – sete vezes mais! – do que a prostituta pública declarada. Assim Deus sempre considerou os filhos de Israel, através dos seus profetas, como prostituta enganadora, para, sob falsa aparência, praticar maldades e bruxaria, como lastima Oséias nos cap. 2, 4 e 5.

É agradável quando uma mulher ou uma virgem se veste bem e se comporta com bons modos. Mas se for uma prostituta, seus adornos ficariam melhor numa porca enlameada, como disse Salomão. Vangloriar-se abertamente das leis de Moisés, desrespeitadas abertamente pelo não cumprimento da lei da obediência, é condenável e os faz sete vezes mais indignos de ser o povo de Deus do que os pagãos o são. Deixem que vão! Fiquemos com aqueles que rezem o Miserere. Salmo 51, isto é, com aqueles que sabem que é e o que não é obediência. Saiba, pois, caro cristão, o que fazes ao te deixar persuadir pelos judeus. Aqui vale o ditado: quando um cego guia outro cego, os dois caem no abismo. Mais do que isto não se aprende com eles.

A não compreensão das leis divinas, aliada a seu orgulho e arrogância contra os pagãos, que não tem orgulho e por isso melhores, é atitude condenável destes falsos santos, blasfemos e mentirosos. Cuide-se, pois, dos judeus e de suas escolas que não passam de ninhos diabólicos, cheias de blasfêmias, mentiras e arrogância contra Deus e todas as gentes, como só faz o próprio demônio; e onde vires um judeu pregar, saiba que está envenenando as pessoas, envenenando e matando com o maior descaramento. Não entenderam a ira de Deus; acham, ao contrário, que blasfêmia, orgulho e outras maldades contra os não-judeus, é servir ao seu Deus e resguardar sua nobre estirpe e sangue. Cuidado com eles! Ainda se vangloriam com orgulho de terem recebido de Deus a terra de Canaã, a cidade de Jerusalém e o templo! Apesar de Deus ter castigado seu orgulho várias vezes, notadamente através do rei Babel que os tirou de sua terra e tudo destruiu, assim como o rei da Assíria, que os carregou, e por fim dizimados e arrasados pelos romanos; apesar de já terem passado 14 séculos que Deus não os olha, nem as suas terras, suas cidades e sacerdotes, eles ainda não entenderam que não são o povo eleito de Deus. Suas nucas orgulhosas ainda não se curvaram, suas frontes não se ruborizaram de vergonha, continuam teimosos, cegos, irredutíveis e duros. Ainda esperam que Deus os guie de volta e lhes devolva tudo.

Eles não perceberam que Deus tudo fez para que observassem seus Mandamentos, mas a estes desprezaram Vangloriaram-se da circuncisão, mas o motivo para o qual foi instituída – a observância das leis – a este, desprezaram. Enaltecem suas leis, o templo, seus cultos, cidades, terras e domínio, mas porque tem tudo isso, não o valorizam. Satanás, com todos os seus anjos, exorta esse povo para que enalteça perante Deus somente exterioridades, como a casca sem caroço, oca, vazia. Diz Moisés “assim como eles não me têm como seus Deus, também não o tenho como meu povo”, trecho também encontrado em Oséias 2:2. Se Deus não tivesse expulsado da terra, ninguém poderia dizer que não são Seu povo, pois cidade e terra ainda seriam deles, apesar de sua desobediência, suas maldades e obstinação. Mesmo com centenas de profetas e mil Moisés proclamando que não são o povo eleito, eles o seriam. Mas por terem sido expulsos há mais de 1500 anos, castigados e sofridos, mostra que não o são, mesmo que o proclamem. E orgulhosamente nutrem a esperança de voltar a sua terra por seus próprios méritos, pois eles não tem promessa ou profecia que os pudesse consolar, a não ser o que eles mesmo rabiscam falsamente nas Escrituras. Deste modo os judeus estão à mercê de suas próprias decisões, dos erros que propositadamente cometem, agarrados aos seus rabinos. deixemo-los então com suas blasfêmias e suas mentiras venenosas.

Dou meu testemunho pessoal de como são os judeus. Três deles, doutos, me procuraram na esperança de converter-me ao judaísmo. É que, aqui em Wittemberg, começaram a ler hebraico; como também líamos os seus livros, seria sinal de que em breve, nós cristãos estaríamos informados de verdade (mais bem informados…). Como discuti com eles, fizeram o mesmo, mostrando-me seus escritos. Eu os obriguei a fixar-se nos textos. Procurando fugir aos mesmos, disseram que acreditam tanto nos rabinos como nós acreditamos no Papa e nos doutos. Mas me compadeci deles, fiquei com pena deles. Consegui-lhes o “passe livre” para que pudessem transitar sem restrições. (Geleitsrecht: mediante uma taxa em dinheiro, eram protegidos e podiam mover-se livremente, era o “Judenschuts”).

Como soube depois, eles chamaram a Cristo de TOLA, ou seja, um mercenário enforcado. Por isso não quero saber mais nada dos judeus. Como disse São Paulo: eles estão entregues à ira; quanto mais o ajudamos, mais obstinados se tornam. Que sejam! – (seguem-se considerações de ordem teológica, científica, citações bíblicas e considerações diversas, fortes, típicas de Martin Lutero). Só queremos extrair o seguinte, Ageu 2, – assim fala o Senhor: “dentro de pouco tempo agitarei os céus e a terra, os mares e continentes, mas, agitarei todos os pagãos, quando então virá Hemdath, o consolo dos pagãos“. É necessário explicar que lá, onde não chegou o consolo, isto é, o Messias, enquanto ainda existia o templo, ele não chegará nunca depois da sua destruição, há 1568 anos. Os judeus não entenderam a advertência do “pouco tempo”. Pois 1568 anos é muito tempo. E aqui eles desvirtuam os conceitos, propositalmente. Hemdath, que em hebraico significa literalmente “consolo ou esperança dos pagãos”, Messias, portanto, eles interpretam como “ouro e prata” dos pagãos. Como Hemdath, pela gramática também significa cobiça ou volúpia, optaram por essa conceituação. Então quando virá o Hemdath, será ouro e prata, o que seu messias distribuirá entre eles. É assim que interpretam as Escrituras. Será que os profetas de Deus não tinham outra coisa para anunciar a estes malditos judeus, senão satisfazer seu apetite pelo ouro e pela prata? Eles nutrem aos não-judeus um ódio fatal, herdado dos pais e dos rabinos, ódio, como diz o salmo 109, que lhes passa pelos ossos e pela carne, e, como não se mudam nem osso nem carne a não ser por um ato milagroso de Deus. Saiba pois, caro cristão, que não tens inimigo mais atroz, mais forte, mais venenoso do que o judeu convicto. Deve haver entre eles algusn primitivos que acreditam no que também acredita uma vaca ou um ganso, mas não deixam de pertencer a estirpe dos circuncidados. Em histórias muitas vezes são acusados de envenenar poços, de roubar crianças e torturá-las, como em Trento e Weissenssee (prática do sacrifício, como ritual religioso, Ritalmord). E quando praticam algum bem, saiba que não é por amor ou para te beneficiar; o fazem para garantir um espaço entre nós. Se duvidares, leia o que dizem homens sérios como Lyra e Buchen. Alguém que não conheça o demônio, deve admirar-se do ódio que nos têm, quando nem há motivo; eles habitam entre nós, sob nossa proteção (Judenschutz), usam nossa terra, nossas ruas, nossas feiras e nossos becos. E, muitas de nossas nobres autoridades, roncam impassíveis, de boca aberta, deixando os judeus esvaziar seus cofres, deixam-se explorar pelos juros até o próprio empobrecimento, tornando-se mendigos. Os judeus, pelo certo, nada deviam ter, porque é tudo nosso. Como não trabalham, a nada tem direito, muito menos que os paguemos com nosso dinheiro. No entanto eles tem nosso dinheiro e nossos bens e, apesar de estrangeiros, são donos de nossa terra. Quando um ladrão rouba 10 ducados, ele perde a cabeça, mas quando um judeu rouba 10 toneladas de ouro, através da usura, ele é melhor que o próprio Deus. E ainda se vangloriam dizendo: vejam como Deus está conosco, como ele nos protege em terras estrangeiras. Não trabalhamos, cultivamos a preguiça enquanto estes amaldiçoados goiym trabalham para nós e ainda tiramos seus dinheiros; são nossos escravos e nós os senhores. Firmes queridos, queridos filhos de Israel, tudo vai melhorar ainda mais, nosso Messias virá se continuarmos a explorar os pagãos pela usura ou outros meios. E nós ainda os protegemos! (seguem-se os trechos históricos e exegéticos que mostram que Lutero conhecia a fundo o Talmud e o Schulchan Aruch, o que explica a sua mudança de atitude perante os judeus). Entre outras, o Talmud que não é pecado matar um pagão, só é pecado matar um irmão israelita. Quebrar juramento também não é pecado. Roubar ou expropriar um pagão é prestar um serviço a Deus, pois se consideram de sangue nobre e circuncidados. Não nos tratam pior porque são os senhores do mundo, sendo nós escravos e animais Isto ensinam os rabinos, como diz em Mateus 15,6 e 5,28, propagando falsos ensinamentos e, como diz Cristo, desvirtuando os 10 Mandamentos, pois tinham no templo agiotas, mercadores e atravessadores (Geizhaendler) fazendo da casa de Deus um covil de ladrões. Se Deus chegou a chamar sua própria casa de covil de ladrões e assassinos, imaginem o que deve ter-se passado lá! Quantas almas se perderam por causa de falsos ensinamentos! E insistem os judeus nestes falsos ensinamentos até hoje, herdados dos pais, desvirtuam a palavra de Deus, praticam usura, roubam e matam onde podem, passando estas práticas para os filhos e os filhos dos filhos…

Comparados aos judeus, como são mais honestos os filósofos e poetas pagãos; falam da ordem de Deus, da vida futura, das virtudes humanas, quando ensinam que o homem, por natureza, é obrigado a ser bom contra o próximo, o mesmo sendo inimigo, a ser fiel e dedicado ao próximo, principalmente em épocas de penúria, como já ensinavam Cícero a seus pares. Eu afirmo que só em três fábulas de Esopo, em algumas comédias de Terento, acham-se mais sabedoria que deveria penetrar nos corações dos judeus.

Talvez vocês pensem que eu falo demais, pois vos digo que falo de menos! Eu vejo nos seus escritos como eles nos condenam, como em suas escolas e suas orações nos desejam todo mal possível (ver a famosa oração Rol-Nidre, que diz tudo…). Eles nos tiram bens e dinheiro pela usura e onde podem aplicar ardilosos truques, ainda proclamando que todo mal a nós causado, é agradável aos olhos de Deus. Os pagãos nunca fizeram coisa semelhante, a não ser quando possuídos pelo demônio, como o são todos os judeus. Burgensis, que foi um rabino sábio, convertido para o cristianismo (coisa rara), falando dessas maldades todas, conclui que os judeus não podem ser o povo eleito, porque se o fossem, fariam como fizeram no cativeiro da Babilônia, quando Jeremias diz: “orai pelo rei e pela cidade, pois sois escravos, e na paz deles encontrareis a vossa paz”. Mas nossos bastardos e falsos judeus acham que devem odiar-nos e causar-nos todo mal, apesar de não ter motivos para isto. Não, realmente, eles não são o povo eleito de Deus. (Interessante são as considerações tecidas sobre como os judeus, maliciosamente desvirtuam o sentido das palavras para declarar seu ódio a Cristo e aos cristãos). Jesus em hebraico significa “salvador” ou “aquele que presta auxílio”. Os velhos saxões em nossa terra o chamavam de Helprich (o que ajuda): hoje o chamamos de Huelfrich, que tem o mesmo sentido. Os judeus o apelidam de “Jesu”, que em hebraico é nem nome nem palavra com sentido. Podiam até ser números.

Por exemplo, poderia citar o número romano CLV (155) e dar-lhe um sentido qualquer. Assim eles usam JESU como o número 316, com o significado de “Hebel Vorik” maquinação lingüística para enganar a vontade. Leia Anton, Magaritham. Quando os visitamos, eles nos cumprimentam com “Sched wil kom“, e não com “Seid Gott willkommen“. A última expressão significa “bem-vindos de Deus”; a primeira significa “diabo, venha”. Como não entendemos sua linguagem, nem percebemos como nos achincalham, nos ofendem em silêncio, chamam a Jesus de filho de prostituta, dizem-no filho de um ferreiro e de Maria adúltera. A contragosto tenho que falar rudemente, mas é a linguagem contra o demônio. Os judeus sabem que mentem propositadamente e o fazem com medo de que sua juventude seja influenciada pelos ensinamentos de Cristo. Sebastião Muenster, em sua Bíblia, fala de um venenoso rabino que chama Maria de “Haria”, que significa “monte de esterco”, e quanto não fazem e dizem que não sabemos. (Lutero tece considerações gerais sobre Messias, sobre o caráter dos judeus e sua queixa de se sentir cativos entre nós…) e vejam que enorme mentira quando se queixam de serem nossos cativos! Há 1400 anos o templo foi destruído, mas os que foram perseguidos durante 300 anos, torturados ou mortos, foram os cristãos. Até hoje não sabemos como os judeus vieram parar em nossas terras. Certamente não fomos buscá-los em Jerusalém e ninguém os prende aqui. As estradas são livres – que voltem para lá, se quiserem. Ainda lhes dariamos presentes para livrar-nos deles, porque para nós são um peso, uma praga e uma desgraça. Na verdade já foram expulsos de vários lugares, como a França, que no livro de Obadia chamam de Zarpath (terra que apreciam muito).

Há pouco tempo foram expulsos da Espanha, que, também no livro de Obadia, chamam de Sepharad, pelo querido rei Carlos, terra que também apreciavam como seu ninhm. Neste ano que corre, foram tocados do reino da Bohemia, onde tinham em Praga um ninho todo especial, assim também de Magdeburg, Regensburg e outros lugares mais. Se não gosto de alguém na minha terra ou na minha casa, significa que mantenho preso? Na verdade são eles que nos mantém presos em nossa própria terra. Deixem-nos trabalhar, enquanto curtem a preguiça, nada fazendo senão pilhar nossos bens através da usura e dos juros. Preguiçosos, praticam a pompa, comem e bebem do melhor, mantendo-nos como seus escravos, e ainda blasfemam contra Nosso Senhor.

Não seria motivo para o demônio alegrar-se e dançar, ao encontrar tal paraíso entre os cristãos, que ele criou por intermédio dos judeus, seus santos, que devoram o que conseguimos com nosso suor e trabalho, amaldiçoando a Deus e os homens?

Em Jerusalém, sua terra, nos tempos de Davi e Salomão, os judeus certamente não tiveram dias tão generosos como os têm aqui, terra que saqueia, e exploram todo dia. Nem se queixam que os mantemos em cativeiro. Nós os suportamos como eu suporto um cálculo no rim ou de vesícula, ou qualquer mais do sangue ou qualquer outra desgraça, com a maior naturalidade. Eu gostaria de vê-los de volta a Jerusalém, junto aos outros judeus e quem mais quisessem. Sendo certo que não os mantemos escravizados, por que então nos odeiam tanto? Não chamamos suas mulheres de prostitutas, como eles chamam a Jesus, nem os amaldiçoamos. Pelo contrário, queremos a sua felicidade, os abrigamos e deixamos e matamos seus filhos (Ritualmord), não evenenamos suas águas, não somos sedentos do seu sangue. Por que então nos nutrem tanto ódio? Nada mais é, segundo Moisés, que Deus nos castigou com a loucura, a cegueira e coração maldoso. Nós somos os culpados por não termos vingado o sangue inocente de Cristo e o de tantos cristãos mortos nos primeiros três séculos do cristianismo, das crianças sacrificadas (Ritualmord).

Em vez de matá-los, os deixamos impunes pelos assassinatos, blasfêmias e mentiras e dando-lhes espaço entre nós; protegemos suas casas, suas escolas, suas vidas e seus bens, deixando que nos roubem, e ainda escutamos deles que nós devíamos ser espoliados e mortos! Os judeus proclamam que têm razões sagradas para nos destruir. As práticas contra nós são convicção religiosa! O que nós cristãos, devíamos fazer com este povo maldito e amaldiçoado? O que fazer já que os temos entre nós, para não compartilhar com suas mentiras e blasfêmias? Como dizem os profetas, não podemos apagar o eterno fogo da ira divina, nem podemos converter os judeus. Devemos rezar com fervor, praticar a piedade e bom exemplo, na esperança de converter pelo menos alguns deles. Não devemos nos vingar, porque já vivem a vingança de Deus, que é pior do que seria a nossa. Vou dar o meu conselho.

Primeiro devíamos incendiar suas sinagogas (ou escolas) e o que não queimar, devia ser soterrado definitivamente, para honra do Nosso Senhor e da cristandade, mostrando a Deus que não toleramos ofensas ao seu filho, nem a quem o segue. Porque o que fizemos até agora, por ignorância, (eu mesmo não sabia) Deus perdoará. Mas agora que o sabemos, ainda temos que guardar suas casas, tolerar suas mentiras e blasfêmias? Seria imperdoável. No Deuteronômio, Moisés diz que uma cidade, onde se pratica a idolatria, deve ser destruída pelo incêndio. Se Moisés fosse vivo, seria o primeiro a incendiar as escolas judaicas (cita provas). Não só as escolas, suas casas deviam também ser destruídas, porque dentro delas praticam a mesma coisa que nas escolas. Os judeus deviam ser reunidos sobre um único teto, como numa estrebaria, igual aos ciganos, para que saibam que não são donos da terra, mas prisioneiros, por suas mentiras e blasfêmias. Em seguida, deviam ser confiscados seus livros de orações e o Talmud, pois só ensinam idolatria e mentiras. Depois, proibir por todos os meios, que os rabinos continuem a pregar, pois perderam o direito de pregar.

Mas, maliciosamente usam os ditos de Moisés 17,11 e 12, para manter os pobres judeus submissos. Nesses textos Moisés diz que os rabinos e professores ensinam a lei de Deus, que deve ser obedecida, nem que custe a vida. Mas o que fazem esses malditos? Usam a obediência para ensinar veneno, blasfêmia e maldição. Que lhes seja negada a proteção nas estradas, pois não são da terra, não são senhores, nem funcionários, nem mercadores. Têm de ficar em casa. Eu soube que um judeu andou percorrendo as estradas com uma tropa de 12 cavalos, praticando a usura e roubando a população com seus juros. Cada um deve aprender a se defender desta prática dos judeus. Devemos proibir-lhes a especulação, como Moisés já havia proibido. Devemos tirar-lhes todos os objetos de valor e o ouro, e guardá-los nós, pois foi de nós que tiraram tudo. Sem o que de nós roubaram, eles não se mantém. Este dinheiro devia ser usado, (só para este fim) para ajudar a um judeu que honestamente tenha se convertido. Devia ser-lhe fornecido o dinheiro suficiente, conforme o caso, para que pudesse adquirir comida para sua mulher e filhos, ou ajudar idosos necessitados. Porque dinheiro que não seja aplicado, com bênção de Deus, para fins de caridade, torna-se amaldiçoado.

Citando Moisés, Deutero. 23,20, eles alardeiam que tem todo direito de especular e praticar usura (sendo a única citação que tem a seu favor). Vamos responder. Tem (existem) dois tipos de judeus. Os primeiros são aqueles que Moisés conduziu do Egito para a terra de Canaã, como lhe ordenou Deus. A eles deu as leis e mandou que aí permanecessem até a vinda do Messias. Os outros são os judeus do rei, surgindo no tempo de Pilatos, governador da terra de Judá. Quando perguntou o que devia fazer com Jesus, chamado o Messias, eles responderam gritando: “crucifica-o!” Pilatos perguntou: “Querem que eu crucifique vosso rei?” Ao que responderam: “nós não temos rei a não ser o imperador (romano)!”. Tal subordinação (submissão) ao imperador, Deus não lhes ordenou, eles a escolheram. Mas quando o imperador exigiu-lhes cega obediência, eles se revoltaram. O imperador foi a Jerusalém, reuniu todos os seus súditos e os espalhou por todo o reino, para que se submetessem às suas ordens. Esses são os lugares dos judeus de hoje, dos quais Moisés nada sabe, e eles nada de Moisés. Se eles quisessem obedecer a lei de Moisés, terão antes que voltar a Canaã, voltar a ser judeus de Moisés com suas leis e submeter pagãos e outros estranhos. Então podem praticar a usura à vontade e tanto quanto os outros suportarem. E como não obedecem a lei de Moisés, deviam pelo menos respeitar os direitos do imperador nas terras se encontram, pois a lei de Moisés não foi feita para o Egito ou para a Babilônia, ela foi feita para as terras de Canã (do Jordão).

Que se dêem enxadas, machados e pás aos jovens judeus, para que ganhem o pão com o suor do seu rosto, como foi ordenado aos olhos de Abraão, Gen. 3:19, porque não é justo que deixem os goiym desgraçados trabalhar e suar, enquanto eles, preguiçosamente e em casa, a se refestelar com comida que não produziram. Devíamos arrancar esta preguiça deles. Sua aversão ao trabalho é tamanha, que mesmo que pudessem nos prejudicar com o trabalho, não o fariam. Sua soberba não o permitiria. Devíamos fazer como a França, a Espanha e a Bohêmia. Ajustar contas, tirar deles o que nos tiraram, expulsá-los daqui, pois a ira de Deus é contra eles e tratá-los com piedade é inútil: então, fora com eles!

Escuto dizer os judeus dão grandes somas aos poderosos (Herren). Sim, mas de onde tiram estas grandes somas senão destes mesmos poderosos e seus súditos, que somos nós. De seu próprio trabalho é que certamente não provem. Somos nós os idiotas, explorados por eles, que produzimos riquezas que depois nos tiram, rindo de nós e praticando maldades, tornando-se cada vez mais ricos às custas de nosso suor. Se um servo ou hospede dá a seu 10fl. (moedas) ao ano, mas tira-lhe mil, em pouco temo o servo estará rico e seu Senhor falido. É o que o judeu faz. Se não reagirmos, estaremos traindo a Cristo e vendendo nosso império, nossas mulheres e nossos filhos. Mesmo que CADA judeu desse, por ano, 100 mil fl. (moedas) não devíamos permitir ofensas deles a um único cristão. Em suma, meus queridos e nobres senhores, se o meu conselho não for o certo, apresentem outro melhor, para que todos nós não sejamos culpados perante Deus de nada termos feito contra este fardo diabólico, com suas ofensas a Cristo, sua Santa Mãe, contra toda autoridade, para tirar deles toda proteção, todas as garantias, para que não possam mais ficar o que é nosso. Certamente nós já temos pecados em número suficiente, incluindo os do Papado, desprezando tantas vezes o que Deus nos ofereceu, que não queremos cometer mais este, deixando que os judeus nos explorem. Lembre-se que combatemos diariamente os turcos, porque precisamos redimir-nos dos nossos pecados e garantir-nos uma vida melhor. Quero aqui desculpar e aliviar a minha consciência por ter, pelo menos, exposto e denunciado estes fatos. A todos, senhores, amigos, pastores e pregadores; quero chamar a atenção para que cumpram este dever de alertar a todos sobre os perigos que os judeus podem nos causar. Não devemos blasfemar contra eles ou causar-lhes prejuízos pessoais, pois com suas blasfêmias contra Jesus e sua Santa Mãe, já estão castigados.

As autoridades devem tratá-los como sugiro. E tu, cristão, quando vides um judeu, pense assim: Olhe esta boca maldita, que todo sábado ofende a Nosso Senhor, que derramou seu sangue por nós, e que reza para que eu, minha mulher e meus filhos morramos indignamente, transpassados por espadas (coisas que fariam pessoalmente, se pudessem), para apoderar-se dos nossos bens. Só no dia de hoje, quantas vezes não devem ter cuspido no chão, amaldiçoando Nosso Senhor?! E com uma boca destas devo compartilhar à mesa, escutá-la, beber e ouvi-la? Que me guarde Deus! Eles não tem nossa crença e convertê-los é impossível. Toda ajuda que dermos a eles, em forma de proteção nas estradas, garantia de moradia, bebida ou asilo, pode torná-nos cúmplices do seu ódio e blasfêmia.

A qualquer ajuda nossa, respondem com escárnio, porque afirmam que Deus os fez senhores e a nós escravos: se um sábado acenderes um fogo e cozinhares para eles, ainda darão risadas. Eles sempre foram e ainda são nossa desgraça, nossa praga pestilenta. Lá onde vocês atuam, caros pregadores, se houver judeus, façam ver aos senhores e regentes, para que cumpram sua obrigação de evitar que eles explorem o povo, para que eles os façam trabalhar, coibindo a pratica da usura e da blasfêmia. Porque nossas falhas ou crimes – roubo ou blasfêmia -, eles cobram, por que não haveremos de julgar os seus crimes, estes filhos do inferno? Sofremos mais sob os judeus do que eles sob os espanhóis, que lhes tiram o que podem e ainda os ameaçam de morte. Assim fazem os judeus conosco, apesar de serem nossos hóspedes. Nos roubam, espremem, não saem da nossa nuca, xingam Nosso Senhor, nos amaldiçoam e desejam-nos todo mal possível. O que justifica temos que aturar tudo que nos fazem, afirmando ainda que não são nossos escravos, quando na verdade são nossos senhores e tiranos!

Por que os senhores de nossas terras não os expulsam, não os mandam de volta para suas terras, onde, em Jesus, podem mentir, roubar e assassinar à vontade? Que nos deixem em paz na nossa terra, com nossos filhos e nossa fé. Se vocês, pregadores, tiverem chamado atenção para tudo isso, e se nenhum senhor ou súdito tiver tomado qualquer atitude, então podemos, como disse Cristo, limpar o pó dos nossos sapatos e dizer: somos inocentes do vosso sangue! Quantas vezes eu vi e experimentei, como é caridoso este mundo errado, quando devia ser severo, e é severo quando devia ser caridoso. Assim como o rei Acab[2], Reis 20, assim o príncipe rege o mundo.

Decerto serão caridosos com os judeus, para garantir um lugar no céu, mas ignoram a maldade que cometem contra nós. O que é que nós pobres pregadores podemos fazer!? (Seguem relatos sobre imolações, Ritualmord). Quem quiser abrigar, tratar bem estas víboras diabólicas e ainda se deixar explorar – pois bem, que o faça, prenda-se às suas bocas, [EDITADO], pratique a mesma idolatria para dizer que foi caridoso, que encorajou o demônio a blasfemar ainda mais contra Nosso Senhor, que derramou seu santo sangue para nos salvar. Sim, sereis então o cristão perfeito com muitas obras de caridade praticadas – que Cristo premiará no juízo final com fogo eterno, junto com os judeus. É uma linguagem dura, mas dirigida contra os esbravejar impiedoso deles. Os judeus sabem disto. Como cristãos, vamos usar de linguagem mais sutil, mais espiritual. Assim fala N. S. Jesus Cristo em Mateus 10: “quem me acolhe, acolhe Àquele que me enviou“; Lucas 10: “quem vos despreza a mim despreza, despreza Àquele que me enviou“; João 15: “quem me odeia, odeia meu Pai“; João 5: “que todos glorifiquem ao filho como glorificaram ao Pai: quem não honra o filho não honra o Pai que o enviou“.

Pode alguém dizer que os judeus não sabem disto porque não aceitaram o Novo Testamento, ao que eu respondo: eles podem acreditar no que quiserem, mas nós cristãos sabemos que eles blasfemam publicamente contra Deus e Nosso Senhor. O que poderíamos responder a Deus se no dia do Juízo Final nos perguntasse desta forma: e tu, cristão, que sabias que os judeus blasfemavam contra Mim e meu Filho e ainda os deixava proceder assim sem castigá-los? (seguem-se considerações gerais a respeito).

Por fim, Lutero resume da seguinte forma: será, pois, para nós cristãos, tarefa muito séria de tudo fazer para livrar-nos, com nossas almas, desta peste que são os judeus, para salvar-nos do Satanás e da morte eterna. Devemos antes de mais nada, como já dissemos, queimar suas sinagogas com enxofre e fogo do próprio inferno, para que Deus testemunhe o fim destes lugares usados para ofende-lo e ofender nossa sincera devoção. Segundo, tirar-lhe seus livros escritos, que só usam para injuriar o Filho de Deus, criador do céu e da terra. Terceiro, que se lhe proiba louvar e agradecer a Deus, sob pena máxima. Que o façam na sua terra, nós não queremos ouvi-lo, pelo motivo de suas preces e louvores serem pura blasfêmia, chamando de “Hebel Vorik” ao Filho de Deus, pois o que se dizem do Filho, dizem do Pai. Está escrito que não usarás o nome de Deus em vão, e, apesar da sua linguagem bajuladora, chamaram Deus de “Baal” nos tempos dos reis (Baal, o deus da tempestade e da fertilidade dos semitas ocidentais, n.tr) Quarto, que lhes seja proibido pronunciar o nome de Deus, pois nossa consciência não permite que chamem a N. S. de Hebel Vorik, e quando o fizerem que sejam entregues às autoridades, sem piedade, pois se trata da honra de Deus e da bem-aventurança de todos nós, inclusive dos judeus. Mas se eles disserem que não é essa sua intenção, que não sabem que estão blasfemando, estão ao mesmo tempo louvando e honrando a Deus! Mas acima já foi dito: eles não entenderam a Palavra de Deus, permanecendo durante 1500 anos no mesmo erro, o que não é desculpa, pelo contrário, fazem-se sete vezes culpados! Por fim quero dizer: se Deus não me desse outro Messias senão aquele que os judeus querem e esperam, eu preferiria ser um porco a ser uma pessoa humana, pois o Messias deles deve ser um Kochab e mundano, com poderes para destruir o que não seja judaico. (Kochab: conceito de origem desconhecida; a partir do séc. XVI estrela de segunda categoria na constelação do Pequeno Urso). Com um Messias desses, minha vida seria dez vezes pior que de um porco! Eu diria: Meu Deus! Fique com esse messias ou dê-o a quem quiser, transforme-me num porco, pois seria melhor do que a condição de um humano moribundo. Como disse Cristo: seria melhor ao homem não ter nascido. Se eu, no entanto, tivesse um “messias” que me libertasse dessa condição, me tirasse o medo da morte, do demônio e do inferno, que me fizesse não temer mais a ira de Deus, meu coração exultaria de alegria e festa. Não precisaria de ouro ou de prata – o mundo seria um paraíso, mesmo que tivesse que morar num cárcere com alegria e gratidão intermináveis!

Judeus e turcos nada querem saber de um Messias assim. Eles querem um “das Arábias”, que lhes encha a pança e que seja mortal como qualquer vaca ou cachorro. Em minha opinião, se quisermos ficar livres dos males judaicos, temos que separar-nos deles, temos que mandá-los embora de nossas terras. E eles? Que vão para a sua pátria! Assim não ouviremos mais suas mentiras sobre o cativeiro entre nós, e nós estaremos livres de suas blasfêmias e usura! Penso que dei o melhor conselho para garantir ambas as partes (Seguem-se considerações sobre a Santíssima Trindade, contestada pelos judeus).

Finalizando diz Lutero:

Tudo isto, meu caro amigo e bondoso senhor, fui obrigado a redigir para feitura deste livreto, para mostrar como um judeu aplica sua arte de conversação contra um cristão despreparado. Comigo, valha-me Deus, ele não o faria. O cristão que não queira tornar-se um judeu, tem agora uma arma na mão para defender-se dos venenosos judeus, não só, ele sabe agora como são maus, como mentem em blasfemam, sabe agora que seu credo, além de ser falso, é regido por todos os demônios. Cristo, nosso bom Senhor, converte-os piedosamente, e guarde-nos para sempre, com firmeza, a compreensão de Ti, que és a vida eterna.

Amém.

Do Schem Hamphoras e da Linhagem de Cristo (Wittemberg, 1543, Martin Luther)
(Schem Hamphoras, nome hebraico explícito de Deus)

No outro livreto eu havia anunciado que iria arrolar o que estes furiosos e malditos judeus escrevem, mentem e blasfemam sobre seu Scham Hamphoras, como relata Purchetus em seu livro chamado VITORIA. Quero fazê-lo em honra da nossa crença e contra as mentiras diabólicas dos judeus.

Em suma são jovens demônios condenados ao inferno. Mas se ainda existe alguma coisa de humano neles, que lhes seja de utilidade o que aqui escrevo. Que tenha esperanças quem quiser. Eu não tenho. Nem a maioria dos nossos cristãos podemso converter, quanto mais estes filhos do demônio, se bem que muitos acreditam nesta utopia pelas palavras de São Paulo aos romanos, quando fala da conversão dos judeus no fim dos tempos. Palavras mal interpretadas. São Paulo quis dizer bem outra coisa.

Há mais ou menos trinta anos eu ouvi dizer de um judeu que se infiltrou junto ao duque da Saxônia. Albercht, que também ensina a arte de se defender contra todos os tipos de armas, para evitar que sejamos apunhalados, batidos ou atirados. Oh, é uma bela arte a de seduzir um nobre senhor para eliminá-lo traiçoeiramnete. Mas o duque foi esperto, certificando-se antes. Cavalgaram ambos ao campo e disse: judeu, preciso experimentar esta arte em você, transpassando-lhe o corpo que caiu inerte, de nada valendo seu Schem Hamphoras e nem o Tetragramaton. (Tetragrama, nome próprio para Deus, composto das letras JHWH, usado só em rituais especiais). Disse o duque: como querias, judeu, tirar-me a vida? E ainda terias dado risadas, com certeza. Foi melhor assim. Ainda guardo comigo um cristal, que me foi dado pelo meu atual senhor, duque João. Este cristal contém letras e símbolos hebraicos, para serem invocados a qualquer instante necessário. Mas o nobre duque era sábio o suficiente não se entregando a estas superstições.

Também por serem os judeus tão ávidos em se apossar destes cristãos renegados e viciados, que nada de bom lhes oferecem, o sangue judeu se misturou, tornou-se impuro, aguado e selvagem, aprendendo desta forma a odiar cristãos. Por outro lado os judeus também nada de bom aprenderam com eles. Assim mestres e aprendizes se misturaram, praticando e se aperfeiçoando ao ponto de tornar-se este caldeirão infernal. Pois um cristão renegado torna-se terrível inimigo da Cristandade.

Evitar, naturalmente o mau exemplo, que nada as dignifica das virgens e viúvas que arranjam filhos sem pai, como nas Escrituras, quando falam em mulheres sem homem, mas com filhos. Seria muito estranho se nossas filhas, nossas virgens e viúvas enchessem nossas casas de filhos que arranjaram “lambendo a neve”, não tendo outro pai. De “lamber a neve” ninguém engravida. Moisés diz em Gên. 1 que são necessários um homem e uma mulher, só quando Deus os unir, lhes dará a bênção do fruto ventral.

Que nós aprendemos sua língua e sua gramática é bom, assim como eles aprendem de nós a lingua alemã, dos belgas a língua belga, e onde se encontram aprendem a língua do país. Mas a nossa fé e a compreensão das Escrituras, eles não aprendem. Assim devemos nós aprender sua língua, mas sua crença, condenada por Deus, não.

Palavras Finais
Assim foi ordenado aos conhecedores da língua hebraica. Termino aqui, nada mais querendo saber deles ou escrever sobre ou contra eles. Entre eles há muitos que querem se converter. Deus lhes conceda sua graça, para que, conosco, louvem nosso Deus e Senhor, nosso Criador, assim como a Jesus Cristo e ao Espírito Santo, por toda a eternidade.

Amém.

Atenção
Os escritos de Martin Luther, que acabaram de ler, são de 1543, portanto 450 anos atrás.
Porto Alegre, Novembro de 1993
REVISÃO EDITORA LTDA, Conferindo e divulgando a História


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