CONTRIBUIÇÕES DA REFORMA LUTERANA NO ÂMBITO DA DEMOCRATIZAÇÃO EDUCACIONAL


Categoria: Martinho Lutero, Sociologia
Imagem: Trivium / Montagem Protestantismo.com.br
Publicado: 10 de Setembro de 2019, Terça Feira, 21h12

Por: ADM MARCELL DE OLIVEIRA (foto)

* Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Políticas Sociais Integradas da Faculdade Estácio de Sá, a ser utilizado como diretrizes para a manufatura do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) / Orientadora: Adriana de Souza Carvalho / Vitória/ES, 2019 *

Resumo

O presente artigo tem por objetivo analisar o processo de democratização configurada pela Reforma Luterana na Alemanha do século XVI no âmbito educacional. Sendo assim, neste trabalho procuraremos mostrar que, apesar da Reforma Luterana ser conhecida como um movimento religioso que visava protestar contra a tirania da Igreja Católica, ela também foi crucial para a construção de um “saber democrático”, lutando por uma Educação pública, universal e gratuita. A Educação que tanto conhecemos e debatemos hoje em dia – sustentada pelo Estado e cobrindo todas as classes sociais, onde todos possam ter o direito e oportunidade de estudar – foi graças ao apoio de Martinho Lutero e sua reforma.

Introdução

Quando analisamos alguns contextos históricos que moldaram radicalmente a Educação transformando-a em um paradigma que conhecemos hoje – pública, universal e gratuita, sempre focamos na configuração historiográfica ocorrida no âmbito da Revolução Francesa do século XVIII. Pois, segundo Silva e Silva (2014, p. 367), “a Revolução Francesa é reconhecida como o nascimento da democracia moderna”. Foi neste contexto revolucionário francês que surgiu pela primeira vez a questão da igualdade, da soberania do povo, da liberdade, a ideia de Direitos do Homem e, a partir daí, a Educação passara por grandes mudanças em seus conceitos e práticas.

No entanto, o propósito deste estudo em questão nos levará ao esclarecimento do processo de democratização educacional surgida dois séculos antes da Revolução Francesa, por meio da Reforma Luterana iniciada na Alemanha do Século XVI. Pois foi através do reformador Martinho Lutero “quem deu impulso prático e força política à programação de um novo sistema escolar […]” (MANACORDA, 2010, p. 240).

Portanto, o presente artigo tem como objetivo de apresentar um reformador do século XVI que vai muito além das questões religiosas conforme é comumente mostrado nos registros acadêmicos. Ele é considerado como “um dos responsáveis por formular o sistema de ensino público que serviu de modelo para a escola moderna no Ocidente” (FERRARI, 2008), e, também, considerado como um dos primeiros pensadores na transição da Idade Média para a Idade Moderna a difundir a ideia de uma educação universal.

Martinho Lutero: Uma Breve Biografia Historiográfica na Esfera Educacional

Martinho Lutero foi um monge agostiniano nascido em Eisleben na Alemanha no ano de 1483, sendo considerado a figura central da Reforma Protestante iniciada em 1517 em Wittenberg, também na Alemanha, graças as suas 95 teses contra a venda de indulgências da parte da Igreja Católica que passou a modificar o pensamento europeu que vivia em seu momento Renascentista.

Apesar da Reforma de Lutero ser muito conhecida como um movimento religioso, seu legado não ficou preso nesta esfera eclesiástica. Com uma família camponesa humilde e católica, Martinho Lutero herdou uma educação reta e religiosa, foi batizado ainda recém-nascido e o seu nome foi devido a uma homenagem ao dia de São Martinho de Tours[1] que, naquela ocasião, era por tradição comemorada. Mas a educação que o monge recebeu na escola quando criança era áspera e extremo. De acordo com Lindberg (2010, p. 84):

O sistema educacional com o qual Lutero se deparou enquanto jovem foi certamente eficiente, embora ele mesmo não tenha achado nem um pouco edificante, uma vez que o conhecimento era algo literalmente imposto aos alunos.

Esse registro relatado por Lindberg é explicado por Paulo Freire[2] sobre o que ele chama de “educação bancária”:

A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em ‘vasilhas’, em recipientes a serem ‘enchidos’ pelo educador. Quanto mais vá ‘enchendo’ os recipientes com os seus ‘depósitos’, tanto melhor educador será. […] Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante.

FREIRE, 1994, p. 33

Ainda na perspectiva de Paulo Freire, a “educação bancária” é uma ação da parte dos opressores que visa formular o pensamento dos educandos de acordo com os seus próprios princípios e crenças, tirando a liberdade do ato de questionar da parte dos educandos. Freire criticava ferozmente este método de ensino:

Na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se encontra sempre no outro.

FREIRE, 1994, p. 33

Da mesma maneira, segundo Teske (2017), Lutero afirmava que a escola não poderia ser apenas um local de transmissão de conteúdos, mas que fosse um espaço de formação de indivíduos capazes de transformar o mundo. Essa mudança se tornou uma das maiores contribuições da Reforma Luterana para o mundo ocidental.

Naquela época em questão, segundo Lindberg, o sistema escolar era baseado em punições físicas e psicológicas, que resultavam no sofrimento dos outros.

Lutero começou a estudar provavelmente por volta dos sete anos de idade e as técnicas mediante as quais ele foi forçado a aprender latim como base de estudos posteriores incluíam coerção e escárnio. Alunos despreparados eram forçados a trajar uma imagem de jumento e eram tratados como “burros”; os que falavam alemão em vez de latim em sala apanhavam com vara. […] Em suma, a educação de crianças era, na melhor das hipóteses, entediante e, na pior, cruel. Lutero posteriormente se lembraria de que, certa manhã, apanhara quinze vezes com vara por não ter decorado as tabelas da gramática latina.

LINDBERG, 2010, p. 84

Não só no ambiente escolar, mas a educação familiar que tinha um costume fortemente religioso, não se distanciava desta metodologia. De acordo com Boyer (1985), Lutero deixou um breve registro em questão:

Estremecia e tornava-me pálido ao ouvir alguém mencionar o nome de Cristo, porque fui ensinado a considerá-lo como um juiz encolerizado. Fomos ensinados que devíamos, nós mesmos, fazer propiciação por nossos pecados; que não podemos fazer compensação suficiente por nossa culpa, que é necessário recorrer aos santos nos céus, e clamar a Maria para desviar de nós a ira de Cristo.

LUTERO, XVI, apud BOYER, 1985, p. 23

Quando Martinho Lutero completou 15 anos de idade, seus pais o mandaram para Eisenach, onde passou a frequentar a Escola da Igreja de São Jorge, a fim de preparar-se para a universidade. Ao contrário dos ensinos que Lutero teve anteriormente em sua infância, nesta escola os professores apresentavam uma metodologia de ensino plausível. Reza a lenda que um dos reitores de Lutero, John Trebonius, tinha o costume de tirar o chapéu ao entrar na sala de aula em respeito aos seus alunos. Quando questionado por esta atitude, ele respondeu:

Há entre esses meninos homens de quem Deus um dia fará burgomestres, chanceleres, médicos e magistrados. Embora você não os veja com os distintivos de sua dignidade, é certo que você deve trata-los com respeito.

TREBONIUS, XVI, apud D’AUBGNÉ, 1843, p. 135

Portanto, essas diferentes experiências que Martinho Lutero teve nas escolas o impulsionaram a se envolver nesta esfera da educação. Para Teske (2017), Lutero também pode ser considerado o primeiro intelectual do final da Idade Média e início da Idade Moderna a se posicionar sobre um tema que atualmente denominamos de “bullying”.

Muitos mestres de escolas estragam muitos bons talentos com a sua truculência, impetuosidade e pancadaria, tratando as crianças como o carrasco e mestre do castigo tratam os ladrões. Quando a disciplina é aplicada com maior rigor e tem algum resultado, o máximo que se alcança é um comportamento forçado ou de respeito; no mais continuam sendo meras toras que não têm conhecimento nem nesta nem naquela área, não sabem responder nem ajudar ninguém. É necessário que se castigue e discipline as crianças, porém sempre com amor.

LUTERO, XVI, apud TESKE, 2017

Em todos os textos de Lutero relacionados a educação, segundo Teske, ele recomenda uma educação cristã reorganizada com novos currículos e métodos de ensino e aprendizagem e, principalmente, com formas de financiamento e manutenção das escolas por parte do Estado. Sendo assim, Lutero “assegurava a implantação de escolas públicas, gratuitas, e que atendessem a todos, tanto meninos quanto meninas” (TESKE, 2017). Ainda tendo como base as experiências que passara na escola, Lutero afirmava “que não se deveria desprezar os estudantes pobres, pois estes poderiam se tornar grandes senhores” (LUTERO, XVI, apud TESKE, 2017).

Portanto, através dos próximos assuntos deste trabalho, iremos analisar as obras de Lutero que influenciaram no desenvolvimento de uma educação moderna, pública e gratuita para todos como conhecemos nos dias de hoje.

Uma Breve Análise das Obras de Lutero em Prol da Educação Gratuita e Universal

Nos dias atuais, quando entramos nos assuntos a respeito da educação, sempre destacamos a importância de um aprendizado que seja estendido para todos, independentemente da classe social, da cor, do gênero. Onde cada um possa ter o total direito em receber apoio para se autodesenvolver tanto em seu aspecto pessoal quanto no profissional.

Para Barbosa (2007), apesar dos princípios de universalidade, gratuidade, laicidade e obrigatoriedade que compõem esse direito como que se concebe hoje serem muitas vezes apresentados como conquista da Revolução Francesa do século XVIII, é possível encontrar no período anterior, através da Reforma Protestante iniciada por Lutero no século XVI, muitas de suas características.

As ideias e concepções que Martinho Lutero elabora sobre a educação, durante o movimento da Reforma Protestante, podem ser encontradas em diversos de seus escritos, entretanto, suas propostas para a educação escolar concentram-se em três deles: “À nobreza cristã da nação alemã, acerca da melhoria do estamento cristão”, de 1520; “Aos conselhos de todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs”, de 1524, e “Uma prédica para que se mandem os filhos à escola”, de 1530.

BARBOSA, 2007, p. 870

No entanto, deve-se ressaltar que Martinho Lutero era um homem do seu tempo e vivia em uma sociedade que carregava uma cultura fortemente cristã. Portanto, suas ideias a respeito de uma educação democrática eram moldadas por princípios cristãos.

Durante a Idade Média, a Cúria Romana transformara a Igreja num reino universal, ao mesmo tempo espiritual e temporal. Os papas, chefes supremos desse reino, reivindicavam para si plenos poderes em todos os assuntos. […] Já há muito tempo antes de Lutero crescera na cristandade o descontentamento com o domínio e a exploração praticada pela Cúria.

FISCHER, 2015, p. 277

Ou seja, naquele contexto, a educação era um privilégio para poucos e estava restrita apenas em uma esfera eclesiástica. Desde então, Lutero criticava fortemente tais limitações que passou a recorrer não mais as autoridades católicas, mas também aos nobres e príncipes seculares.

– Escrito de 1520: “A Nobreza Cristã da Nação Alemã, acerca da melhoria do estamento cristão”

Um dos primeiros processos que levou na configuração de uma educação democrática foi a desconstrução do elo entre a Igreja e o Estado. Nesta ocasião, através deste escrito de 1520, Martinho Lutero criticou o que ele chamou de “três muros” da Igreja Católica. O “primeiro muro” refere-se a questão do poder espiritual (eclesiástico) sobre o temporal (secular), já o “segundo muro”, Lutero questiona a autoridade papal para interpretar as Sagradas Escrituras e, por fim, o “terceiro muro” passa a ser a respeito da autoridade para convocar concílios.

Primeiro [muro], quando pressionados pelo poder temporal [secular], os Romanistas [Igreja Católica] teriam criado decretos e negariam a jurisdição do poder temporal sobre eles, pois o poder espiritual estaria acima do poder temporal. Segundo [muro], quando fossem feitas tentativas de reprova-los a partir das Escrituras, eles se oporiam com o argumento de que a interpretação das Escrituras seria exclusividade do papa. Terceiro [muro], se ameaçados com um concílio, eles respondiam […] que somente o papa poderia convocar um concílio.

PASQUAL, 2015, p. 10

A partir deste contexto de domínio eclesiástico apresentado por Pasqual, Lutero demonstrou através de seu escrito que a extrema ligação entre a Igreja e o Estado era danosa para a vida moral e espiritual da cristandade. Se o Estado era corrupto, a Igreja também passava a ser corrupta. Pois o Estado era o espelho da Igreja e vice-versa. Portanto, Lutero defendia que todos os cristãos pertencem ao “estado espiritual” desconstruindo a diferença decorrente das funções exercidas no secular e no eclesiástico em comparação com os dizeres do Apóstolo S. Paulo aos Coríntios:

Porque, como o corpo é um todo com muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo. Em um só Espírito fomos batizados todos nós, para formar um só corpo, judeus ou gregos, escravos ou livres; e todos fomos impregnados do mesmo Espírito.

[3]

Portanto, a distinção dos poderes espiritual e temporal e de suas funções e atribuições, bem como a quebra do poder eclesiástico sobre o político representou uma grande contribuição histórica libertadora da parte de Lutero. Entretanto, de acordo com Altmann (1994, p. 191, apud BARBOSA, 2007), esta posição de Lutero também gerou consequências trágicas como a formação do absolutismo na política e o surgimento de estados absolutistas o que nos leva a um outro contexto diferente do assunto abordado neste trabalho. Como o nosso foco é apenas a questão do processo de democratização da educação, pularemos esta etapa.

– Escrito de 1524: “Aos Conselhos de todas as cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs”

Conforme foi informado anteriormente, Lutero era um homem do seu tempo e vivia em uma sociedade que carregava uma cultura fortemente cristã. Um dos seus objetivos propostos era desconstruir a Bíblia Sagrada como um monopólio exclusivo da Igreja Católica e passar para as mãos do povo. Lutero defendia que todas as pessoas têm uma grande necessidade de compreender a Palavra de Deus. Porém, aquela sociedade em questão não possuía o hábito de ler, e Lutero sabia muito bem como resolver este empecilho.

Com seu escrito “Aos Conselhos de Todas as Cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs” de 1524, Lutero conseguiu sensibilizar os políticos de cidades para construírem escolas. Ele ficou muito preocupado com a falta de conhecimento da fé cristã do povo e por isso escreveu o Catecismo Menor endereçado aos pais como subsídio para a educação cristã de seus filhos.

HOLZSCHUCH, 2014

Apesar do grande interesse teológico por trás de toda essa movimentação luterana nos assuntos educacionais, o reformador, como assim é conhecido, quebrou um paradigma que, durante séculos, estava enraizado na mentalidade da sociedade.

No mundo medieval, apenas religiosos (ministros, monges, freiras) tinham uma vocação sagrada ou chamado de Deus. Aqueles que trabalhavam no mundo secular eram vistos por todos como um plano menor e menos agradável a Deus. Em contrapartida, os reformadores enfatizavam que qualquer trabalho feito no mundo em prol do próximo e da edificação da comunidade humana agradaria a Deus.

LINDBERG, 2017, p. 415-416

Ou seja, Lindberg nos mostra que a reforma de Lutero enfatizava a educação como um recurso pelo qual as pessoas sejam preparadas para servir toda a comunidade e, portanto, este novo pensamento passou a abrir caminhos para a construção de uma nova política que conhecemos hoje – a inclusão social. Pois foi através da Reforma Luterana (ou Protestante) onde houve um grande impulso para uma educação mais holística, interdisciplinar e socialmente diversificada.

A educação para Lutero tinha tanta importância que defendia a ideia de usar o dinheiro da Igreja para pagar os estudos de crianças e jovens talentosas sem condições para tal.

HOLZSCHUCH, 2014

De acordo com Schenkel et al. (2010), esse escrito de Lutero de 1524 é uma conclamação às autoridades para que garantissem educação e escola para todas as crianças independentemente de sexo, idade, credo e condição social. Sendo assim, torna-se algo inovador a busca por uma escola sob a guarda do Estado e em manter as autoridades civis como responsáveis pela sua manutenção.

Anualmente é preciso arrecadar muito dinheiro para armas, estradas, pontos, diques e numerosas outras obras semelhantes, para que uma cidade possa viver em paz e segurança. Por que não arrumar o mesmo dinheiro para a nobre juventude necessitada, sustentando uma ou duas pessoas competentes como professores? […]

LUTERO, 2000, p. 12, apud SCHENKEL et al., 2010, p. 5

– Escrito de 1530: “Uma prédica para que se mandem os filhos à escola”

Essa prédica de 1530 foi dedicada a Lázaro Spengler[4], um dos responsáveis pelos avanços no sistema escolar de Nuremberg em meados do século XVI. A prédica é dividida em duas partes, onde Lutero convoca, primeiramente, os pregadores e líderes eclesiásticos e, em seguida, que é a segunda parte, passa a convocar o governo alemão.

De acordo com Schenkel et. al. (2010), os pastores e pregadores foram convocados por Lutero para se empenharem na tarefa de convencer os pais a encaminharem os filhos à escola. Lutero insistia sobre a importância de um Ministério Eclesiástico que enfatiza a educação e o desenvolvimento intelectual dos jovens e adolescentes.

Vejo que as pessoas simples não estão preocupadas com a manutenção das escolas. Elas mantém seus filhos totalmente afastados do estudo. Dedicam-se apenas à alimentação e ao cuidado com o estômago. […] Seu filho pode consolar os tristes, aconselhar, intermediar em casos de desentendimento, reconciliar consciências confusas, ajudar a manter a paz, a fazer as pazes, a viver em harmonia e numerosas outras obras diariamente.

LUTERO, 2000, p. 61-62, apud SCHENKEL et al., 2010, p. 7

No entanto, Lutero também dizia que nem todos precisam educar seus filhos para o Ministério da Igreja, pois não há necessidade para que todos sejam pastores ou pregadores. Para Lutero, o mundo também precisa de herdeiros. Caso contrário, não haveria uma autoridade secular.

Para ele [Lutero] principalmente os filhos da população mais carente é que deveriam ser encaminhados a este tipo de ensino, pois as rendas eclesiásticas e os tributos das fundações e conventos são destinados a este fim, enquanto os outros meninos deveriam ao menos aprender a entender o latim, a ler e escrever.

SCHENKEL et al., 2010, p. 8

Na segunda parte da prédica, quando Lutero convoca o governo secular, ele apresenta a necessidade de formar em jurisprudência, quais os benefícios e prejuízos de encaminhar ou não os filhos à formação enfatizando o valor do trabalho intelectual.

Martinho Lutero afirma que é maravilhoso ser instruído mesmo não ocupando nenhum cargo oficial, pois quando se é instruído torna-se possível ler todos os tipos de literatura, conversar e se relacionar com pessoas sábias, viajar e fazer negócios em países estrangeiros, entre outras coisas.

SCHENKEL, et al., 2010, p. 8

Lutero defendia que os pais poderiam colaborar para a manutenção do Império mandando seus filhos à escola para que os mesmos pudessem se tornar pessoas aptas para conduzi-lo ao progresso.

[…] Se podem obrigar os súditos capazes a carregarem lanças e armas de fogo, escalarem os muros e outras coisas mais que devem ser feitas numa guerra, também podem e devem obrigar os súditos a mandarem seus filhos à escola […].

LUTERO, 2000, p. 117, apud SCHENKEL et al., 2010, p. 9

Apesar de Lutero ter trabalhado na separação da Igreja e do Estado, ele não desvinculou a religião da política. Estado e Política não carregam o mesmo conceito e, portanto, convém dizer novamente que Lutero era um pensador do seu tempo. Para ele, a política educacional e a religião deveriam andar juntas para que haja uma verdadeira transformação.

[…] E o instrumento principal dessa transformação é justamente o centro da fé cristã, que deve promover, através da educação, o desenvolvimento e a paz na sociedade e conduzir o homem à eternidade que transforma e liberta.

MENEZES, 2004, p. 243, apud SCHENKEL et. al., 2010, p. 9

Democratização da Educação: Da Alemanha Protestante Para o Mundo

Para entendermos o processo de democratização da Educação na base das contribuições de Lutero, é necessário analisar o contexto histórico de sua época, ou seja, a história da educação na Alemanha. Devemos levar em conta que os anos que precederam a Reforma, a educação na Alemanha era apenas um reflexo da educação imposta por toda a Europa Medieval.

Segundo Ferraz, Silva e Monteiro (2017), até o século XV, considerado o último século que chamamos de Idade Média, a educação alemã era controlada pela Igreja Romana e tinha por objetivo apenas introduzir o indivíduo à vida clerical. Neste meio termo, segundo Jardilino (2009, p. 46, apud FERRAZ, SILVA e MONTEIRO, 2017, p. 20), as escolas estavam abandonadas e as faculdades eram pouco frequentadas. Os conventos enfrentavam uma profunda crise e, diante de tal situação, surgia a inércia dos pais e da mentalidade que predominava na época.

No entanto, para Aranha (2006, p. 154), não convém considerar todo o período medieval intelectualmente obscuro, embora tenha havido retrocessos em diversos setores, dependendo da época e do lugar.

Apesar dessa instabilidade e turbulência, desde o início da Idade Média, a herança cultural greco-latina foi resguardada nos mosteiros. Os monges eram os únicos letrados, porque os nobres e muito menos os servos sabiam ler. Podemos então compreender a influência que a Igreja exerceu não só no controle da educação, como na fundamentação dos princípios morais, políticos e jurídicos da sociedade medieval.

ARANHA, 2006, p. 159

De acordo com o filósofo Danilo Marcondes (2000, p. 120, apud MOURA, 2013, p. 148), com o crescimento dos núcleos urbanos e o enriquecimento da sociedade medieval, a demanda por uma educação estruturada aumentava progressivamente, tanto no sentido eclesiástico, visando à formação de uma elite para combater os hereges, quanto no leigo civil, relacionada às necessidades do governo e da administração pública.

Já no decorrer da Reforma Luterana na Alemanha do século XVI, as instituições de ensino passaram por grandes mudanças. De acordo com Monroe (2018, p. 410), Martinho Lutero, o grande protagonista da Reforma, assumiu a liderança do movimento educacional antes mesmo das sementes do Renascimento se enraizarem. Este movimento:

[…] trabalhou para a libertação da educação, através do poder do Estado, moldando os empecilhos forjados através de um processo gradual ao longo dos séculos pela Igreja; em direção a uma disseminação mais ampla das oportunidades a favor da educação;

MONROE, 1918, p. 410

Martinho Lutero criticou duramente a educação dada pelas escolas monásticas e eclesiásticas, pois a maioria das escolas burguesas, especialmente aquela de caráter elementar, eram totalmente dominadas por professores de espírito eclesiástico. Para Lutero, segundo Monroe (1918, p. 411), a educação não deveria ser um monopólio exclusivo da Igreja, mas sim uma esfera que alcance a todos.

Se não existisse alma, nem céu e nem inferno, ainda sim seria necessário ter escolas por causa das coisas aqui embaixo, como a história dos gregos e dos romanos claramente nos mostram. O mundo precisa de homens e mulheres instruídos, para que os homens possam governar o país apropriadamente, e as mulheres possam educar adequadamente seus filhos, cuidar e gerenciar os assuntos de seus lares.

LUTERO, XVI, apud MONROE, 1918, p. 411-412

Logicamente este trabalho apresenta um contexto do século XVI e, portanto, o direito das mulheres e a questão da igualdade de gênero não eram algo muito debatido como nos dias de hoje.

A relação fundamental da Reforma com a educação universal já foi notada anteriormente. Lutero agarrou-se a esse ponto importante e insistiu nele ao longo dos seus ensinamentos. A educação deveria ser levada a todas as pessoas, nobres e comuns, ricos e pobres; incluindo meninos e meninas – um avanço notável; finalmente, o Estado deveria usar a compulsão, se necessário.

MONROE, 1918, p. 412

Martinho Lutero reconhecia a importância do apoio e do controle do Estado para a democratização educacional – uma educação pública, universal e gratuita. Para Altmann (1995, p. 205, apud AHLERT, 2006, p. 6), Lutero rompeu com a educação repressiva, introduzindo o lúdico na aprendizagem. Amarrou o estudo das disciplinas a um aprendizado prático e, também, lutou por boas bibliotecas dentro de sua ótica Cristocêntrica. Ou seja, Lutero deu início ao perfil de uma escola público-comunitária que deve ser apoiada pelos pais, pelo Estado e por qualquer outro órgão que pode financeiramente ajudar a mantê-la.

Em termos educacionais, toda a época da Reforma pode ser considerada uma era em que se constata um progresso educacional.

BARBOSA, 2007, p. 212

Barbosa (2007) afirma que muitas das contribuições de Lutero durante o movimento da Reforma do século XVI não puderam ser vistas ou avaliadas naquela época em questão, mas sim, nas décadas, e principalmente nos séculos que se seguiram.

[…] algumas ações e práticas que se desenvolveram em relação às escolas com forte atuação dos reformadores podem ser constatadas em diversas cidades e territórios. Uma delas foi a publicação de estatutos escolares, que previam tanto a implantação como a organização das escolas. […] Outra ação foi o estabelecimento de um amplo sistema de visitações, a fim de supervisionar as práticas escolares e detectar suas deficiências.

BARBOSA, 2007, p. 213

Com a expansão do movimento protestante pelo mundo, a América do Norte, por exemplo, que contou com a colonização de vários grupos protestantes, o ensino superior norte americano cresceu mais “livre, democrático e fecundo” de acordo com o antropólogo Darcy Ribeiro[5].

De acordo com Ramiro (2012), as igrejas cristãs prevaleceram no cenário educacional norte-americano entre os séculos XVII e XVIII, pois após a independência dos EUA em 1776 e a separação entre igreja e estado, houve uma ênfase ao ensino superior, secularizado e sob o controle do estado.

Esse novo modelo educacional configurado pela Reforma Luterana foi sendo assimilado e adotado não só nos EUA, mas também em todos os países na medida em que o movimento foi ultrapassando os limites geográficos – Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Boêmia, Morávia que, atualmente, faz parte da República Checa.

Para Teske (2017), este fato é uma clara demonstração de que o movimento da Reforma Luterana, mesmo sendo de caráter religioso, vai muito além, fazendo com que os seus efeitos e desdobramentos, efetivamente, atingissem o processo histórico, social, político, econômico e cultural.

[…] a Igreja da época, até aquele momento detinha o poder em todas as instâncias, coordenando e reproduzindo um sistema de poder e governo de forma hegemônica, por séculos. Ressalta-se que, o sucesso da Reforma, através de todas as ações de Lutero só foi possível pela mudança na educação em todos os níveis escolares, ou seja, da escola elementar à universidade.

TESKE, 2017

Convém aqui destacar um bispo protestante chamado Jan Amos Komensky[6], ou popularmente conhecido como Comenius. Considerado como o pai da Didática Moderna, Comenius, seguindo os pensamentos educacionais de Lutero,

compreendeu que a educação deveria ser dada desde os primórdios para meninos e meninas, para que pudesse haver a cura de vários males humanos, sociais e políticos; ele já sonhava com uma escola como hoje desejamos, onde ricos e pobres, mulheres e homens pudessem estudar juntos em harmonia.

BIASETTI, 2017

Sua obra, Didática Magna[7], é de grande importância para a configuração de uma educação mais aberta e democrática, sendo utilizada até hoje como referência de estudos nos meios acadêmicos de licenciatura/pedagogia.

[…] e esta semente [Didática Magna] foi plantada a partir da Reforma Protestante [Luterana], que trouxe reflexões concernentes à questão educacional que se refletiria pelos séculos vindouros, pois novas ideias a respeito da educação foram tratadas pelos reformadores, que eram a favor de seu ensino igualitário, universal e gratuito para todas as classes, independentes de posição social.

BIASETTI, 2017

Destacamos também o pastor luterano Wilhelm Rotermund[8] que, seguindo a teologia de Martinho Lutero, imigrou para o Brasil e transformou a cultura educacional do nosso país.

Os problemas com a educação no Brasil vem de longe. No final do século 19 e início do século 20, as taxas de analfabetismo eram assustadoras […]. A formação de professores, quando existia, era precária e não uniforme. Os professores elaboravam os conteúdos programáticos por conta própria ou, quando muito, aceitando sugestões de alguns pais mais esclarecidos.

CHAVES; GOMES, 2014

Wilhelm, preocupado com as questões educacionais do país, passou a dirigir uma escola-comunitária, abriu uma livraria e, em seguida, abriu uma gráfica. Passou a elaborar cartilhas, livros de alfabetização, aritmética e geografia. Seus trabalhos, segundo Chaves e Gomes (2014), foram se expandindo para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Conclusão

A Reforma Protestante deixou profundas marcas no seio da sociedade. Martinho Lutero rebateu conceitos e práticas que alimentavam a tirania da Igreja Romana, contribuindo com a formação de uma democracia mais ampla e justa. Ele martelava na educação como uma ferramenta fundamental para o exercício da vida cristã, enfatizando uma educação para todas as classes sociais. Sendo assim, a reforma religiosa do século XVI, em questões socio-educacionais, pode ser considerada a primeira escola pública do povo alemão que se expandiu por toda a Europa e, em seguida, pelo mundo.

Apesar da exaltação que a historiografia educacional tem pela Revolução Francesa do século XVIII referente ao impulso democrático por ela ocasionada, Lutero, o pensador que viveu dois séculos antes desta revolução, é apresentado como uma referência importante para a concepção humanista de educação.

No entanto, essa grande escola configurada pela Reforma do século XVI contribuiu e muito para o desenvolvimento da ética, da cidadania, do convívio social, político e econômico da população.

Portanto, concluímos que Martinho Lutero foi um importante pensador além do seu tempo que trabalhou arduamente em um projeto que visava em um Estado onde o povo possa ser mais participativo, com harmonia, onde cada um seja, através da educação pública, universal e gratuita, capacitado em prol do desenvolvimento da sociedade.

Notas:

[1] Martinho de Tours (316-397) foi um militar, monge e bispo de Civitas Turonorum, sendo considerado santo pela Igreja Católica. A festa litúrgica é realizada todo dia 11 de novembro.
[2] Patrono da Educação Brasileira.
[3] Ep. Coríntios 12:12-13, Bíblia Católica Ave Maria.
[4] Secretário da cidade de Nuremberg que foi um dos primeiros a redigir a favor de Lutero, afirmando que Deus o havia levantado em defesa dos alemães.
[5] RIBEIRO, Darcy. A Universidade é Necessária. 2 ed. RJ: PAZ E TERRA, 1975 – Citado por Ramiro do Portal Metodista – portal.metodista.br.
[6] Jan Amos komensky (1592-1670) foi um bispo protestante luterano da Igreja Morávia, educador, cientista e escritor checo. Como pedagogo, é considerado fundador da didática moderna.
[7] Didática Magna é um livro publicado em 1649 que defende um método universal de ensinar tudo a todos.
[8] Pastor luterano, professor e jornalista teuto-brasileiro (1843-1925).

Referências Bibliográficas:

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ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. 1a ed. São Paulo: Moderna, 2012.

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